Sambaquis: Uma montanha de história

Sambaquis: Uma montanha de história

Sambaquis (palavra de origem Tupi que significa, literalmente, -monte de conchas-) são sítios arqueológicos deixados pela população que habitava a costa brasileira muito antes dos tupis-guaranis -ao menos 8.000 anos atrás, ocupando principalmente zonas de tons ecológicos cambiantes, como regiões lagunares e áreas recortadas de baías e ilhas. Estes sítios (também chamados de concheiros) variam bastante de tamanho e, especialmente no litoral sul catarinense, podem atingir dimensões impressionantes, alcançando até 70 metros de altura e 500 metros de comprimento. Em geral exibem uma sucessão estratigráfica de composição diferenciada: camadas de conchas mais ou menos espessas intercaladas por numerosos estratos finos e escuros, ricos em materiais orgânicos, com muitas estruturas distribuídas em áreas específicas.

Figura 1: Sambaqui Figueirinha I, com cerca de 18 metros de altura no estado de Santa Catarina.

No Brasil, existem entre 300 e 350 sambaquis registrados. No entanto, há pouca informação sobre os povos que ocupavam esses locais -os chamados “homens do sambaqui”, ou “sambaquieiros”. Não se sabe ao certo o que levou nossos ancestrais a construírem essas curiosas montanhas. Durante muito tempo, pensou-se que elas eram formadas apenas por restos de alimentos, uma espécie de lata de lixo da pré-história. Mas uma investigação mais detalhada revelou que, além de vestígios de comida, havia muitos esqueletos nos sambaquis, levando especialistas a acreditarem que boa parte deles era também cemitério, os antropólogos também encontraram outras características interessantes, é possível que este povo tenha usado os montes de conchas para morar: em cima deles, os sambaquieiros poderiam montar barracas de lonas. Há resquícios ainda de fogo, o que pode comprovar que eles faziam fogueiras nos sambaquis.

O que se sabe é que os “sambaquieiros” eram pescadores e coletores. “Uma população muito adaptada à vida no litoral”, diz o professor Paulo DeBlasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Alguns dos sambaquis, inclusive, estão parcialmente submersos, já que o nível do mar variou desde então.

Não se sabe como essa população desapareceu: pesquisadores imaginam que tenha sido incorporada aos povos tupiniquins e tupinambás ou que tenha sido dizimada por eles. Esse processo ocorreu pouco antes de os europeus chegarem ao continente. As incertezas continuam, em grande parte, porque muitos sambaquis foram destruídos ou estão em péssimo estado de conservação.

Referências Bibliográficas:

DEBLASIS, Paulo; KNEIP, Andreas; SCHEEL-YBERT, Rita; GIANNINI, Paulo César; GASPAR, Maria Dulce. Sambaquis e paisagem: dinâmica natural e arqueologia regional no litoral do sul do Brasil. Arqueologia suramericana, v. 3, n. 1, p. 28-61, 2007.

www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/misterios-envolvem-a-origem-dos-sambaquis-bm8rziwll3bokq5s4lj3hb3gu

 

 

5 comments

Boa tarde
Conforme o texto, existem entre 300 e 350 registrados, no Brasil.
Provavelmente existem outros ainda desconhecidos.

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