Esta é uma ciência na qual se utiliza de princípios, práticas e procedimentos geológicos no âmbito da investigação criminal. Então se você é geólogo e sempre achou um máximo series com CSI, NCIS e gostaria de ser um cientista investigador….você está no caminho certo!!!
Um geólogo Forense se utiliza de materiais geológicos (solos, rochas, minerais e fósseis) como provas para associação de vítimas e suspeitos em uma determinada cena de um crime. Também é utilizado técnicas de comparação de materiais geológicos ou seus derivados para determinar o tempo, a causa ou a responsabilidades em uma determinada cena.
A geologia forense então se tornou uma excelente ferramenta auxiliar da investigação criminal e, como tal, todas as subdisciplinas dessa geociência têm uma potencial para a aplicação forense. Das ciências existentes dentro da geologia a sedimentologia, a mineralogia, a petrologia, a geoquímica, a paleontologia e a geofísica, tem contribuído de forma significativa para investigações criminais.
Métodos de prospecção geofísica como (GPR – Radar de Penetração no solo) técnica de aquisição de informação espacial que se utiliza para investigar ou detectar objetos e estruturas sob o solo, têm sido bastante utilizados por arqueólogos forenses para localizar e caracterizar corpos ocultados, além de objetos enterrados, tais como drogas e armas (Figura 1).
Os materiais geológicos usados como sedimentos, o solo, a poeira e os fragmentos de rochas têm sido agrupados como vestígios geológicos, que podem ser utilizados para ligar um suspeito a uma cena de crime.
O conhecimento geológico também se tornou essencial para decifrar crimes ambientais, demostrando o importante papel que os geólogos desempenham em aplicações incomuns, como o campo forense, de tal forma que essa contribuição pode ser feita para resolver problemáticas criminais relacionados ao meio ambiente
Propriedades Relevantes nos Materiais Geoforenses
O geólogo forense utiliza vários métodos e procedimentos analíticos para estudar rochas, minerais, solos e materiais relacionados. Os critérios utilizados incluem, entre outras, a cor, a distribuição granulométrica, e a mineralogia.
A partir da utilização destes métodos analíticos são obtidos dados que por sua vez permitem avaliar se as amostras são comparáveis. Porém, os dados obtidos devem ser analisados em detalhe para se poder concluir sobre o grau de confiança da análise.
Cor
A análise da cor é um dos principais métodos utilizados na investigação forense de materiais geológicos. Os solos, são os minerais nativos os que contribuem diretamente para a cor, como nos depósitos de corrente, partículas de silte transportadas pelo vento, e outras situações sedimentares que se formam por um período relativamente curto de tempo.
Contudo , o solo erodido que resulta na lixiviação, ou após a circulação e acumulação de substâncias no solo, estas partículas de solo ficam revestidas e impregnados com substâncias minerais e orgânicas, dando ao solo uma aparência diferente da que tinha anteriormente. Por exemplo, os grãos minerais de maior dimensão ficam revestidos com ferro, alumínio, matéria orgânica e argilas; podendo a cor destes revestimentos fornecer as pistas sobre a história de uma amostra. No caso dos solos, contudo, a cor resulta da mistura dos seus constituintes e do teor de umidade. Assim, a partir apenas da observação direta da cor de um solo podem-se obter indicadores ou mesmo evidências conclusivas, sem que sejam necessários estudos mais complexos.
Distribuição granulométrica
Numa investigação forense, a determinação da distribuição granulométrica numa amostra pode aumentar o valor probatório da mesma, uma vez que muitas vezes as amostras que estão a ser comparadas são semelhantes. As amostras de controle (amostras colhidas em localizações geográficas conhecidas num determinado tempo e data e que podem estar relacionadas com localizações de crimes ou álibis sugeridos pelo advogado de defesa) podem conter partículas de dimensão superior ou inferior que não se encontram presentes na amostra alvo (amostra obtida no suspeito ao tempo e na cena de um crime) e em que as mesmas partículas são removidas (Murray 2011). No entanto, questões devem ser levantadas, tais como os fatores que podem influenciar a distribuição granulométrica como a possibilidade de mistura (pré e pós-evento), diferente capacidade de transferência e a persistência e degradação dos vários grãos (Morgan e Bull 2007, Dawson e Hillier 2010).
Mineralogia
Na geologia forense a diversidade e diferenças entre os minerais e as partículas é uma ferramenta poderosa, sendo o exame microscópico dos minerais a todos os níveis de instrumentação. Entre outras vantagens, o exame mineralógico fornece uma oportunidade para observar as denominadas partículas raras/pouco comuns que aumentam consideravelmente o valor probatório e fornecem um elevado poder discriminatório ao material alvo de investigação (Sugita e Marumo 2004)
Técnicas analíticas
As técnicas de “visualização” e caracterização através de métodos óticos e eletrônicos são muito utilizados, este método consiste de exame mineralógico ótico com utilização da lupa binocular. Esta é uma técnica pouco dispendiosa e prática (mas que ainda assim requer elevado nível de perícia) que permite identificar a textura e as incrustações na superfície das partículas e ainda propriedades como a forma, arredondamento, alteração, inclusões, cor e polimento dos grãos (Figura 2). O resultado pode ser, então, expresso de forma qualitativa por identificação das partículas presentes ou quantitativa,e através do número de um determinado conjunto de partículas ou da percentagem dos diferentes tipos de partículas encontrados.
A UTILIDADE DA GEOLOGIA FORENSE
Os materiais terrestres variam quanto a sua distribuição, tipos e tamanhos, o que torna a probabilidade de um material geológico ser de um local único elevada, assim o valor probatório destes materiais são de extrema importância na maioria dos casos.
Essa importância está relacionada com o número quase ilimitado de tipos de materiais e com o grande número de medições e observações que se podem efetuar sobre estes, pois existe uma grande variedade de minerais, rochas e fósseis que são identificáveis, reconhecíveis e que podem ser caracterizados. É esta diversidade de materiais geológicos, combinada com a capacidade de medir e observar os diferentes tipos, que fornece o poder da discriminação forense.
Os fragmentos de rocha, sedimentos, solos e poeiras podem estar presentes em toda uma variedade de itens de interesse, mas os mais frequentemente submetidos a laboratório para exame de um crime são: roupas, sapatos, veículos, materiais para pisos, utensílios de escavação, filtros para máquinas de lavar, sacos de polietileno em que os itens tenham sido armazenados, armas de fogo, facas, etc. (Figura 3). As amostras associadas com o corpo humano também são às vezes sujeitas a exame, nestas incluem-se raspagem dos dedos e das unhas, lavagens do cabelo, passagens nasais, traqueia e pulmões, o conteúdo do trato gastrointestinal e fezes.
Contudo, esses métodos devem ser cuidadosamente selecionados, devendo ser utilizados métodos normalizadas de análise, de elevada reprodutibilidade, de preferência não destrutivos e sempre que possível independentes e que devem ser válidos e aceitos em tribunal.
Espero que tenham gostado do texto novo!! Quem aí se gostaria de ser um Geólogo Forense?? Deixe seu comentário!!! Até a próxima!!!
REFERÊNCIAS
- Dawson L.A., Hillier S. 2010. Measurement of soil characteristics for forensic applications. Surface and Interface Analysis 42 (5): 363-77.
- Morgan R.M., Bull P.A. 2007. The philosophy, nature and practice of forensic sediment analysis. Progress in Physical Geography 31 (1): 43-58.
- Murray R.C. 2011. Evidence from the Earth: Forensic Geology and Criminal Investigation, Second Edition. Mountain Press, Missoula.
- Reis, C. (2010). Análise palinológica e mineralógica de solos portugueses e o seu potencial na prática forense. Dissertação apresentada à Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias para a obtenção do grau de Mestre em Biologia, orientada por Frederico Almada, Lisboa.
- Sugita R., Marumo Y. 1996. Validity of color examination for forensic soil identification. Forensic Science International 83: 201-210.
- https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/32074/1/15%20-%20GuedesValentim.pdf. Acesso em 23/08/2019.
- https://segurancaecienciasforenses.com /2012/03/13/a-geologia-forense-como-ferramenta-auxiliar-da-investigacao-criminal/. Acesso em 23/08/2019.
Sim, e aonde se trabalha como geologo forense?
Tem que fazer curso?
A vaga para este serviço e por concurso?
A onde eu encontro?
Tem concurso na policia civil de alguns estados e policia federal, mas fora essas áreas já não sei onde se atua.