Classificação de solos na Geologia de Engenharia

Classificação de solos na Geologia de Engenharia

No texto de hoje iremos tratar sobre a classificação de solos na Geologia de Engenharia, e o solo recebe definições distintas de acordo com a área que o estuda.

Pedologia:  Material natural constituído de camadas ou horizontes de compostos minerais e ou orgânicos, diferindo do material original (química, física, morfológica, mineralógica e biológica)

Edafologia: Material terroso capaz de fornecer nutriente para as plantas

Engenharia civil: Material terroso de fácil desagregação pelo manuseio ou ação da água

Geologia de engenharia: Material terroso resultante dos processos de intemperismo e transporte, escavável com lâmina

Mas afinal o que é o solo? O solo é a camada mais externa da superfície da terra, se formando sobre a litosfera, a partir do intemperismo das rochas.

O processo do intemperismo se dá em duas fases: – intemperismo físico – que é a desintegração da rocha; – intemperismo químico – que é a decomposição da rocha.

A desintegração (intemperismo físico) é a ruptura das rochas inicialmente em fendas, progredindo para partículas de tamanhos menores, sem, no entanto, haver mudança na sua composição. Nesta desintegração, através de agentes como água, temperatura, pressão, vegetação e vento, formam-se os pedregulhos e as areias (solos de partículas grossas) e até mesmo os siltes (partícula intermediária entre areia e argila). Somente em condições especiais são formadas as argilas (partículas finas), resultantes da decomposição do feldspato das rochas ígneas. A decomposição (intemperismo químico) é o processo onde há modificação mineralógica das rochas de origem. O principal agente é a água, e os mais importantes mecanismos modificadores são a oxidação, hidratação, carbonatação e os efeitos químicos resultantes do apodrecimento de vegetais e animais. Normalmente a desintegração e a decomposição atuam juntas, uma vez que a ruptura física da rocha permite a circulação da água e de agentes químicos.

Os organismos vivos concorrem também na desagregação puramente física e na decomposição química das rochas.

Para fins geotécnicos, os solos, quanto a sua origem, podem ser agrupados em:

Solos residuais – são os que permanecem no local da rocha de origem (rocha mãe), observando-se uma gradual transição da superfície até a rocha. Para que ocorram os solos residuais, é necessário que a velocidade de decomposição de rocha seja maior que a velocidade de remoção pelos agentes externos. Estando os solos residuais apresentados em horizontes (camadas) com graus de intemperismos decrescentes, podem-se identificar as seguintes camadas:

  • Solo Residual Maduro: camada superficial de solo; perdeu toda a estrutura original da rocha mãe e tornou-se relativamente homogêneo (Solo Eluvial).
  • Solo Residual Jovem (saprolito): solo que mantém a estrutura original da rocha mãe, inclusive fissuras e xistosidade, mas perdeu a consistência da rocha. Apresenta pequena resistência ao manuseio (Solo de Alteração).
  • Rocha alterada: horizonte em que a alteração progrediu ao longo de fraturas ou zonas de menor resistência, deixando grandes blocos da rocha original. Os minerais encontram-se alterados e descoloridos.
  • Rocha sã: rocha de origem (mãe). Apresentam os minerais sãos ou praticamente sãos, com suas cores e resistências originais pouco afetadas.
Figura 1: Perfil de solo residual proveniente de diferentes tipos de rochas.

Solos sedimentares ou transportados– são os que sofrem a ação de agentes transportadores, podendo ser:

  • Aluvionares: é constituído por material erodido, retrabalhado e transportados pelos cursos d’ água e depositados nos seus leitos e margens, ou ainda em fundos e margens de lagoas e lagos, sempre associados à ambientes fluviais.
  • Terraços fluviais: São aluviões antigos depositados quando o nível de base do curso de água encontrava-se em uma posição superior a atual.
  • Colúvio: é constituído por depósitos de material solto, encontrados no sopé de encostas e que foram transportados pela ação da gravidade ou, simplesmente, material decomposto, transportado por gravidade.
  • Tálus: é formado pelo mesmo processo de transporte por gravidade, em encostas, que produz os coluviões, diferenciando-se pela presença ou predominância de blocos de rocha, resultando em solos pouco espessos na fonte, o que restringe a ocorrência de tálus ao sopé de encostas de forte declividade ou, então, ao pé de escarpas rochosas.
  • Sedimentos marinhos: os sedimentos marinhos são produzidos em ambientes de praia e de manguezais. Ao longo das praias a deposição é essencialmente de areias limpas, finas a médias, quatzosas. Nos manguezais, as marés transportam apenas sedimentos muito finos, argilosos, que se depositam incorporando matéria orgânica.
  • Solos eólicos: os solos de origem eólica transportados e depositados pela ação do vento, ocorrem, no Brasil, apenas junto à costa, principalmente no Nordeste.
Figura 2: Formas de ocorrência dos principais tipos de solos transportados e sua relação com os solos residuais.

Solos orgânicos– originados da decomposição e posterior apodrecimento de matérias orgânicas, sejam estas de natureza vegetal (plantas, raízes) ou animal. Os solos orgânicos são problemáticos para construção por serem muito compressíveis. Em algumas formações de solos orgânicos ocorre uma importante concentração de folhas e caules em processo de decomposição, formando as turfas (matéria orgânica combustível).

Do ponto de vista da pedologia a classificação dos solos segue uma abordagem diferente, caso queiram saber mais acessem Tipos de solos no Brasil.

Até a próxima!

 

Referências Bibliográficas

Vaz, L. F. -Classificação genética dos solos e dos horizontes de alteração de rochas em regiões tropicais. In: Rev. Solos e Rochas, v.19, n. 2, p. 117-136, ABMS/ABGE, São Paulo, SP, 1996

Apostila de mecânica dos solos. Acesso: https://docente.ifrn.edu.br/marciovarela/disciplinas/mecanica-dos-solos/apostila-de-mecanica-dos-solos

http://www.joseferreira.com.br/blogs/geografia/filmes-documentarios-e-videos/os-solos-processo-de-formacao-e-importancia/

 

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