Cataratas do Iguaçu – formação geológica e curiosidades

Cataratas do Iguaçu – formação geológica e curiosidades

As Cataratas do Iguaçu constituem monumento geológico mundialmente conhecido e, junto com as Cataratas do Niágara, na América do Norte, e as de Vitória, no Continente Africano, faz parte das três mais visitadas e famosas cataratas do planeta.

A palavra iguaçu, inclusive, significa “água grande“ na etimologia tupi-guarani – e não é à toa. A largura do rio chega até a 2.780 metros e, na precipitação das Cataratas, chega a se estreitar em um canal de 65 metros. Para o interesse turístico, são 19 saltos principais, cinco no Brasil e 14 na Argentina.

Você já se interessou em saber como se formou e qual a idade deste monumento?

Na Bacia do Paraná existem várias outras grandes cachoeiras além das Cataratas do Iguaçu, todas em áreas basálticas, cujo surgimento está vinculado à evolução da drenagem, no Quaternário e no Holoceno, que redundou no processo de implantação da própria bacia hidrográfica. Todo esse processo tem origem na evolução tectônica e no arcabouço estrutural herdado dos primórdios da evolução geológica do território brasileiro.

Localização e características morfológicas

As Cataratas do Iguaçu situam-se no interior do Parque Nacional do Iguaçu, no extremo sudoeste do estado do Paraná. Localizam-se no Rio Iguaçu, cerca de 20 km a montante de sua foz, no Rio Paraná, onde se encontra a tríplice fronteira entre as Repúblicas do Brasil, Argentina e Paraguai. O Rio Iguaçu, por sua vez, demarca a fronteira entre o Brasil e a Argentina, em um trecho desde a foz até várias dezenas de km para montante.


Figura 1: Mapa das Cataratas do Iguaçu, mostrando a brusca inversão do curso do rio, com indicação da toponímia dos diversos saltos. (Modif. de Maack 1968 apud Bartorelli 1997).

Origem e idade das Cataratas do Iguaçu

A origem das Cataratas do Iguaçu está mais diretamente ligada à evolução tectônica pleistocênica da Bacia do Paraná, que ensejou o aparecimento das cachoeiras de Sete Quedas, no Rio Paraná, cerca de 160 km a montante da foz do Rio Iguaçu. Segundo as interpretações admitidas presentemente, o Rio Paraná passou a cavar o extenso e profundo canal a jusante de Sete Quedas em uma época entre 1,5 e 1,8 Ma atrás quando a drenagem sofreu rearranjo significativo, com a formação do divisor de águas entre os altos cursos dos rios Paraná e Paraguai, representado pelas serras de Maracaju e Amambaí, e o aparecimento da depressão do Pantanal, logo a oeste.

O ajustamento do perfil longitudinal do Rio Paraná, como consequência de lento e contínuo processo de soerguimento global, iniciado no Plioceno, provocou a exumação de soleiras associadas aos grandes alinhamentos estruturais que cortam a Bacia do Paraná, sobretudo os direcionados a WNW e NW, como os de Guapiara, Ivaí, São Jerônimo e, principalmente, do Rio Piquiri, onde se formaram as Sete Quedas.

O aparecimento das Sete Quedas é assim resultado da mudança da drenagem pelo soerguimento da Serra de Maracaju, que interrompeu o curso de rios que demandavam o oeste, em direção à Bacia do Rio Paraguai ou, mesmo, além dela.

Ao galgar esse abaulamento, o considerável volume de água do recém-reconfigurado Paraná adquiriu grande velocidade, provocando intensa erosão nos derrames basálticos a jusante e dando origem ao profundo canyon que se desenvolveu por mais de duas centenas de quilômetros abaixo das Sete Quedas, que estavam se formando.

A partir dessa sucessão de eventos, começa a história da origem das Cataratas do Iguaçu, quando o Rio Iguaçu, do mesmo modo que os outros afluentes do Rio Paraná que passaram a desembocar a jusante de Sete Quedas, foi obrigado a se adaptar ao novo nível de base imposto pelo rápido aprofundamento do canyon recém implantado.

Quanto à idade das Cataratas do Iguaçu, dados referentes à evolução quaternária das paisagens e datações absolutas, obtidas em locais como o das cachoeiras de Vitória, no Rio Zambesi, na África, permitem situá-las no início do Pleistoceno, entre 1,8 e 1,5 Ma atrás. Considerando-se

a analogia da evolução quaternária no Brasil e na África, é possível avaliar a idade das Cataratas do Iguaçu a partir daquela de Vitória, onde existem circunstâncias particularmente dadivosas para determinação de sua idade.

Geologia

Poucos autores se dedicaram a observações geológicas nas Cataratas do Iguaçu, destacando-se o trabalho pioneiro de Putzer (1954 apud Bartorelli 1997) que relacionou a configuração dos saltos com um padrão tectônico de fraturamento. Maack (1968 apud Bartorellli 1997) também realizou estudos geológicos nas cataratas e chegou a elaborar perfis muito semelhantes aos de Putzer.

Do mesmo modo que nas demais cachoeiras da Bacia do Paraná, o substrato litológico das Cataratas do Iguaçu é constituído por derrames basálticos da Formação Serra Geral, distinguíveis entre si pelas diferentes estruturas da base, parte central e topo, que caracterizam cada derrame individual.

A estrutura interna de cada derrame e os contatos entre eles consistem nos elementos que condicionam a morfologia e a configuração das quedas, ressaltando-se, porém, que não são os responsáveis pela sua origem. Verificou-se assim que, a montante das cachoeiras, o leito do Rio Iguaçu é constituído por basalto vesicular que caracteriza o topo de um derrame superior. A camada vesicular tem uma espessura de 15 m e distingue-se, além das vesículas, por apresentar diaclasamento horizontal bem desenvolvido. Abaixo dela ocorre basalto maciço, da parte central do derrame, com conspícuos extensos planos verticais de diáclase, cuja base encontra-se na altura da cota 140 m. O derrame superior acumula espessura total da ordem de 35 m ou pouco mais. A partir do topo do primeiro derrame, portanto, as águas despencam em um primeiro salto, com cerca 35 m de altura, que corresponde à espessura total dele.


Figura 2: Perfil vertical ilustrativo de um derrame de basalto. Fonte: Projeto cobre em Itapiranga CPRM 1979. Autor Eugênio Cassimiro Szubert.

Abaixo desse derrame, aparece outra camada vesicular e com diaclasamento horizontal pertencente a um derrame inferior, que tem espessura de 8 m e sustenta um extenso degrau ou patamar horizontal, a partir do qual as águas novamente despencam em um segundo salto com cerca de 40 m de altura. A parte central do derrame inferior, do mesmo modo que a do superior, apresenta disjunção colunar característica, delineada por sistema de diáclases verticais. Ela tem 20 m de espessura e vai até o fundo do canyon, na cota 110 m, onde começa a aflorar basalto vesicular pertencente ao topo de um terceiro derrame de lava, com espessura indeterminada.


Figura 3: Seção geológica das Cataratas do Iguaçu, ilustrando patamar no contato interderrames e quedas d’água verticais condicionadas pela parte central e colunar dos derrames. (Modif. de Maack 1968 apud Bartorelli 1997).

A forma das Cataratas em degraus é consequência da estrutura dos derrames de basalto citados acima.

E você, conhece essa maravilha geológica?

REFERÊNCIAS

Livro: Geologia do Brasil

Parque Nacional do Iguaçu. http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=12 . Acesso em 09 de dezembro de 2019.

2 comments

Ora prezada você disse que a formação das cataratas remonta a só 1.5Ma atrás,quando em realidade ela começou a se formar há 250 milhões de anos atrás com a fragmentação dos continentes,resultado de várias falhas geológicas ao longo do tempo e processos de vulcanização constantes mas os diversos choques entre placas tectônicas mas as deglaciaçoes o cânion é mais antigo que 1.5Ma e considerando que a última desglasiaçao foi entre 19 e 25 mil anos atras e que cataratas=água que cai ….seus termos são tecnicistas demais e impressionam mas não se faz entender,además cada geólogo diz uma coisa sobre a formação e ninguém sabe de nada ao certo e nem chega a nenhuma conclusão porque na realidade o conjunto cânion/cataratas e sua formação nao se pode ser datada exatamente ,mas 1 milhão e meio de anos é muito pouco.

As informações deste conteúdo foram retiradas do livro Geologia Brasil, grandes estudiosos das geociências são autores deste livro. Dessa forma, creio que as informações citadas estão dentro da realidade e possuem embasamento científico.

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