Em um ambiente corporativo todas as áreas devem estar em constante sintonia, na mineração isso não é diferente. Recentemente fizemos um curso no Instituto Minere sobre Planejamento de Lavra, quem segue nossas redes provavelmente nos acompanhou durante os 3 dias de curso.
Vocês devem estar pensando, porquê um estudante de Geologia faria um curso desse tema?
Vários assuntos foram tratados de forma excelente e iremos abordar o conteúdo completo em um próximo texto, este curso foi ótimo pois conseguimos criar um raciocínio e entender como todos os trabalhos criados por um determinado profissional devem ser feitos de forma impecável pois tudo faz parte de uma cadeia produtiva.
O trabalho do Geólogo na mineração pode ser executado de diversas formas e uma delas é o modelamento, trabalho essencial para qualquer empreendimento minerário.
O modelo geológico é utilizado para caracterizar os recursos minerais, consiste em uma compilação de todas as informações geológicas, observações e estudos disponíveis que ajudam a esclarecer as características e particularidades de cada depósito mineral.
A partir dos modelos criados pode-se ter informações como: onde está localizado o recurso mineral (minério), quais são os limites deste corpo, sua qualidade e quantidade (teor) e a natureza do ambiente que se encontra este recurso mineral, por exemplo.
Figura 1: Modelo de blocos e limite de cava. Fonte: Instituto Minere
Este trabalho é feito continuamente a medida que novas informações são obtidas.
O que os profissionais de outras áreas fazem com este modelo que geramos?
Com a evolução de novas tecnologias e o crescente desenvolvimento de modelos matemáticos empregados em projetos de lavra o modelo de blocos é uma ferramenta indispensável ao Engenheiro de Minas.
As características do depósito inseridas no modelo são cruzadas com possibilidades técnicas de processo, cenários econômicos e configurações operacionais. O resultado desta etapa, para projetos convencionais de minerais metálicos a serem lavrados em open pit, é uma seleção de blocos que representam a reserva lavrável.
Como estes blocos são criados e definidos?
O dimensionamento deste bloco leva em conta as características da mineralização e a quantidade de informações disponíveis, quanto menor for o tamanho do bloco, maior será o erro na estimativa daquela área, consequentemente menor será a confiabilidade deste modelo. A cada bloco são atribuídas informações relativas a Geologia, mecânica de rochas, processamento mineral e custos, sendo todos os blocos de tamanhos iguais.
Figura 2: Modelo de blocos dos corpos mineralizados carimbados com teores estimados via IQD. Fonte: Arquivo técnico – Instituo Minere.
Este modelo será essencial para os trabalhos de planejamento de lavra, atividade que visa otimização e maximização do valor total da cava.
Cada bloco dentro desse domínio será classificado como
- Receita: Valor da porção recuperável e vendável do bloco
- Custos Diretos: Custos que podem ser atribuídos diretamente ao bloco, ex: custos de perfuração, desmonte, carregamento e transporte.
- Custos Indiretos: custos totais que não podem ser alocados individualmente a cada bloco, são dependentes do tempo: salários, custos de pesquisa, etc.
A alocação dos limites de lavra de uma jazida é resultado da combinação de fatores econômicos com o inventário de pesquisa mineral, representado pelo modelo de blocos submetido às restrições geométricas e geomecânicas. Um bloco só poderá ser minerado se puder pagar todos os custos de lavra, processamento e comercialização do minério e a remoção do estéril acima dele.
A partir do momento em que todos esses fatores são avaliados, se inicia a etapa para definir os limites da cava e início das operações.
Muito legal não é pessoal?
Saber e entender o que será feito com o produto que geramos e entender um pouco da área do profissional que trabalha ao nosso lado é muito importante.
Fiquem ligados, em breve vamos falar do conteúdo completo deste curso de Planejamento de Lavra e quais benefícios ele traz para nós estudantes.
Até a próxima!!
REFERÊNCIAS
Apostila: Introdução ao Planejamento e operação de Lavra (A céu aberto e subterrânea) – Departamento de Engenharia de Minas – EEUFMG. Professores: Cláudio Lúcio Lopes Pinto, José Ildefonso Gusmão Dutra.
Apostila do Curso Instituto Minere.
Muito legal seu post, Amanda! O modelo geológico vai ter ligação também com a parte de dimensionamento de frota de carregamento e transporte de que o plano de lavra vai cuidar depois. Tudo acaba estando intimamente ligado!
Oi Alex, agradeço pela leitura!! Verdade, ótima colocação. No final todas as áreas estão ligadas uma a outra. Obrigada pelo comentário!
Muito interessante, nós precisamos perceber a importância das áreas correlatas à geologia. Gostei muito do texto, porém, estou com uma dúvida. Você afirmou que: ” quanto menor for o tamanho do bloco, maior será o erro na estimativa daquela área,” não seria o inverso? Quanto menor os blocos, maior será a sua capacidade de representar os limites da área modelada.
Forte abraço.
Oi Daniel, obrigada por nos acompanhar e pelo seu comentário! Eu concordo com você, em minha interpretação quanto menor o bloco maior será a confiabilidade. Porém fui fiel a fonte consultada, realmente fiquei na dúvida sobre isso. Mas discussões como essa são muito válidas e bem vindas. Caso queira, posso enviar o link para consultar a apostila 🙂
Muito bom! O processo mais importante da geologia de mina está ai.
Estou querendo montar uma apresentação falando sobre a importância de todo o processo geológico que trabalhos como descrição geológica, geotécnica, amostragem, densidade, QAQC e o produto final que é o modelamento de bloco. Trabalho com banco de dados e preciso mostrar a importância de todo processo para técnicos e geólogos novos. Se puder me ajudar com algum material eu agradeço.
Olá Raiane, como vai? Obrigada pelo seu comentário, envie um e-mail para a gente (contato@igeologico.com.br) te enviaremos o material que temos.
Abraços 🙂