Islândia – geologia e curiosidades

Islândia – geologia e curiosidades

A Islândia conhecida como a Terra do Gelo e do Fogo, devido aos elementos contrastantes presentes na ilha, é um lugar dinâmico onde o poder e a beleza da geologia pode ser testemunhada por todo lado.

Localizado no Oceano Atlântico Norte, perto do Círculo Polar Ártico, o país possui várias geleiras e encontra-se no limite das placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia. Isso significa que possui muita atividade vulcânica. Esta combinação inesperada cria uma mistura de forças naturais que você não encontrará em nenhum outro lugar do mundo.

Imagem 01 – Localização da Islândia, a Terra do Gelo e do Fogo .

É uma ilha geologicamente jovem – com menos de 33 milhões de anos – e suas paisagens majestosas são moldadas por placas tectônicas ativas, movimentos glaciais e processos vulcânicos, que incluem vales de rifte, gêiseres, fontes termais, montanhas de riolito, formações colunares de basalto e campos de lava.

Imagem 02 – Vale de rifte é uma região de planície formada pela interação das placas tectônicas. Este na Islândia tem uma formação típica: longa, estreita e profunda. Ele foi formado pela fenda Thingvellir, onde as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia estão se afastando uma da outra.
Imagem 03 – Strokkur (“churn” em islandês) é um gêiser do tipo fonte localizado em uma área geotérmica ao lado do rio Hvítá, na Islândia, na parte sudoeste do país, a leste de Reykjavík. Normalmente, entra em erupão a cada 6-10 minutos. Sua altura normal é 15–20 metros (49–66 pés), embora às vezes possa chegar até 40 metros (130 pés) de altura.
Imagem 04 – Localizado em um vale entre montanhas coloridas de riolito na borda de um campo de lava de riolito, Landmannalaugar apresenta muitos elementos geológicos únicos, incluindo fontes quentes e frias que se combinam. Embora a altitude seja superior a 600 metros, o clima é surpreendentemente ameno e as margens do rio estão cobertas de grama e flores.
Imagem 05 – Svartifoss significa simplesmente “quedas negras” em islandês e, ao olhar para esta cascata em particular, uma de suas características distintivas são as colunas de basalto hexagonais escuras em ambos os lados da calha. Você encontra os mesmos pilares na praia de Reynisfjara, no sul da Islândia.

O vulcanismo subglacial local criou as Tuyas: um tipo especial de vulcão encontrado no norte e no sul da Islândia que, por vezes, são chamadas de “Montanhas de Mesa” (Table Mountain) por ter seu topo muito plano e suas encostas escarpadas formadas por lava de grande geleiras. Esses vulcões são muito raros e ocorrem somente em regiões que já foram cobertas por massas de gelo continentais e onde houve, simultaneamente, grande atividade vulcânica.

Imagem 06 – A montanha Herðubreið (Tuya), no interior da Islândia, vista sudeste.

A Islândia também é um dos únicos lugares no mundo onde um limite de placa divergente é exposto na superfície da Terra. É uma das regiões vulcânicas mais ativas do mundo – com 33 vulcões ativos – no qual quase todos os tipos de atividade vulcânica e geotérmica encontrados no planeta podem ser vistos em uma única ilha do tamanho do Kentucky ou da Suíça.

Seu vulcanismo é atribuído à combinação da atividade do Hot Spot e da Dorsal Meso-Atlântica. Conhecida também pelos nomes de Dorsal Submarina, Crista Média Oceânica e Cadeia do Atlântico Médio.

Hot Spot Islandês

A Islândia está localizada acima da Dorsal Meso-Atlântica. O Hot Spot logo abaixo do país é a causa da alta atividade vulcânica e alguns cientistas acreditam que também pode ter contribuído com o rompimento do supercontinente Pangéia e a subsequente formação do Oceano Atlântico Norte.

Imagem 07 – Mapa mostrando a Dorsal Meso-Atlântica dividindo a Islândia devido as placas divergentes da América do Norte e da Eurásia. O mapa também mostra Reykjavik, a capital da Islândia, a área de Thingvellir e as localizações de alguns dos vulcões ativos da Islândia (triângulos vermelhos), incluindo o Krafla.

Rochas ígneas que surgiram deste Hot Spot foram encontradas em ambos os lados da Dorsal, que se originou há aproximadamente 57-53 milhões de anos atrás. Geólogos podem determinar isso pelo movimento da placa em relação ao Hot Spot islandês e examinando rochas ígneas em toda a região do Atlântico Norte.

Isso é possível porque certas rochas atribuíveis ao vulcanismo de Hot Spot podem ser interpretadas como traços vulcânicos deixados. Ao assumir que o Hot Spot é estacionário, os geólogos usam o que é chamado de “Quadro de referência de Hot Spot” para reunir estimativas e criar mapas do movimento da placa na superfície da Terra.

Imagem 08 Incrível caverna de gelo de Vatnajokull.

Parque Nacional Vatnajökull

O Parque Nacional Vatnajökull é um dos raros lugares no mundo onde o fogo e o gelo ficam lado a lado. O parque abriga oito vulcões localizados sob geleiras. É o maior parque nacional da Europa, cobrindo cerca de 12 000 km² (12% da superfície da Islândia).

Quando um desses vulcões subglaciais entra em erupção, inundações repentinas de erupção glacial – chamadas de jökulhlaups, em islandês- ocorrem.

Imagem 09 – Geleira Skeiðarárjökull em 2 de julho de 2019, conforme observado pelo Operational Land Imager em Landsat 8.

Uma geleira bem conhecida por jökulhlaups é Skeiðarárjökull (Imagem 09), localizada perto de um dos vulcões mais ativos da Islândia, Grímsvötn. O calor geotérmico cria um lago subglacial dentro da cratera do vulcão, gerando grandes quantidades de água derretida durante as erupções vulcânicas.

O vulcão subglacial está localizado a aproximadamente 50 quilômetros (30 milhas) do final da geleira (onde o degelo emerge). Durante esses jökulhlaups, o derretimento da geleira carrega sedimentos para longe e os deposita em uma ampla planície. Essas planícies amplas, chamadas sandurs, são mais comumente encontradas também na Islândia.

Imagem 10 – As listras pretas são camadas de cinzas vulcânicas que ficaram embutidas na geleira após erupções.
Imagem 11 – Mapa mostrando a extensão do Parque Nacional Vatnajökull e a calota polar Vatnajökull, que cobre 8% do país e é a maior calota polar da Europa em área.

Por causa de sua convergência única de geleiras e vulcões, o Parque Nacional Vatnajökull está listado como Patrimônio Mundial da UNESCO.

*Imagens do Observatório Terrestre da NASA por Lauren Dauphin, usando dados Landsat do U.S. Geological Survey e dados MODIS da NASA EOSDIS / LANCE e GIBS / Worldview. Kasha Patel.

Referências

A Geologist’s Guide to Exploring and Understanding Iceland. Disponível em: <https://eos.org/editors-vox/a-geologists-guide-to-exploring-and-understanding-iceland>.

AGU From a Glacier’s Perspective Skeiðarárjökull Glacier, Vatnajökull retreat Grímsvötn eruption and jökulhlaup May 2011-updated 5/26. 

Allen, R. M.; Nolet, G.; Morgan, W. J.; et al. (1999). “The thin hot plume beneath Iceland”. Geophysical Journal International.

Bamlett M. e JF Potter (1994) “Islândia”. Guia da Associação de Geólogos No.52

Foulger, G. R.; Anderson, D. L. (2005). “A cool model for the Iceland hotspot”. Journal of Volcanology and Geothermal Research.

FunIceland Skeiðarárjökull Glacier. 

Gumundsson, M. (2005) Subglacial volcanic activity in Iceland. Developments in Quaternary Sciences, 5, 127-151.

Iceland’s awe-inspiring geological features are a gift to science. Disponível em: <https://www.icelandontheweb.com/articles-on-iceland/nature/geology>.

Morgan, Jason Phipps (2009). “Plate velocities in hotspot reference frame: electronic supplement”.

Nichols, A. R. L.; Carroll, M. R.; Höskuldsson, Á. (2002). “Is the Iceland hot spot also wet? Evidence from the water contents of undegassed submarine and subglacial pillow basalts”Earth and Planetary Science Letters.

R.G. Trønnes. Geology and geodynamics of Iceland. Nordic volcanological Institute, University of Iceland.

Thor Thordarson. Esboço de Geologia da Islândia. Conferência Chapman 2012.

UNESCO World Heritage Center (2019) Vatnajökull National Park – Dynamic Nature of Fire and Ice. 

World Data Center for Glaciology (2004) The 1996 Iceland jökulhlaup kulhlaup.

8 comments

A Islândia é um curso de geologia ao vivo. Amaria conhecê-la mas acho que não vai dar tempo, pois tenho 82 anos. Mas um neto meu com ctz irá.

Olá Alcino, ficamos muito felizes com o seu comentário. É muito importante saber que você chegou até o nosso blog e teve a oportunidade de ler esse texto sobre a Islândia!

Como você disse, a Islândia é um curso de Geologia ao vivo, deve ser uma viagem sensacional. Ter a oportunidade de conhecer esse paraíso geológico é um momento único. Se o seu neto tiver a oportunidade de fazer essa viagem, tenho certeza que irá gostar muito!

Muito obrigada pelo seu comentário!

Bom Alcino, minha filha conhece , adorou tanto que já voltou para lá 3 vezes fazendo turismo de bicicleta,assim como participou de um campeonato ciclistico. É um país maravilhoso mesmo. Creio que eu tb não vá conhecê-lo pessoalmente.

Pode conhecer sim! Basta estar num grupo da mesma faixa etária , empresa de turismo de confiança e um ótimo plano de saúde com cobertura internacional.
Veja os grupos de americanos e do Reino Unido, são além desta faixa de idade.
Maximo 15 dias e se manda Sr Alcindo ! É claro , tudo é caro , mas podendo , pesquise.
Boa sorte.

Estou programando ir em março de 2025, com um grupo de amigos, se alguém quiser se juntar a nós será um prazer. Somos um grupo de jovens idosos!!! Rsrsrs

Sou acadêmica de Geologia no Brasil, somos muito ricos nas formações aqui, mas sem sombra de duvidas.. sinto a necessidade de vida de conhecer alguns cantinhos da Islândia!! Completamente apaixonada por qualquer documentário, foto, vídeo das regiões de lá. Gratidão pelo post

A Islândia é apaixonante, não é? Também tenho muita vontade de conhecer!! Obrigada pelo seu comentário 🙂

Que estória é essa Alcino?
Não deixe de fazer planos e realizá-los.
Essa nossa passagem por aqui é muito breve pra ficarmos perdendo tempo com os “não vai dar”,
VI dar sim.
Vai pra luta “menino”!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *