Rochas Ornamentais – Características e processo produtivo

Rochas Ornamentais – Características e processo produtivo

De acordo com relatos, a história da exploração de rochas para fins ornamentais remonta há pelo menos 4500 anos, através dos sumérios, egípcios e mesopotâmios, que utilizavam principalmente as rochas calcárias e graníticas para a construção de pirâmides, monumentos e obras artísticas.

Segundo a ABNT NBR 15012:2003, rocha ornamental é um material rochoso natural, submetido a diferentes graus ou tipos de beneficiamento, utilizado para exercer função estética.

Imagem 1: Rochas ornamentais

Os principais tipos de rochas ornamentais são granitos, quartzitos, ardósias, mármore, travertinos, arenito, metaconglomerados, esteatitos (pedra sabão), dentre outros. Suas aplicações são as mais diversas, exemplo: esculturas, tampos e pés de mesa, balcões, lápides e arte funerária em geral, revestimentos internos e externos de paredes, pisos, colunas, pilares, soleiras, etc, (ABIROCHAS, 2013).

O setor movimenta cerca de US$ 5 bilhões por ano, incluindo importações, exportações, comercialização de máquinas e insumos e prestação de serviços, segundo a Associação brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS).  No Brasil o estado do Espírito Santo é o maior produtor de rochas ornamentais, seguido do estado de Minas Gerais em segundo lugar, porém com maior variedade de rochas extraídas.

 

PROCESSO PRODUTIVO

Cada tipo de rocha possuí características específicas e por isso possuem fluxos de processos produtivos diferentes, exigindo técnicas de lavra e beneficiamento distintas.

De acordo com a Deliberação normativa COPAM n 74/2004, as rochas ornamentais podem ser divididas em três grupos: Ardósias, Mármores e Granitos, e Quartzitos.

 

  • ARDÓSIA

É uma rocha metassedimentar, de baixo grau metamórfico, formada a partir de sequencias argilosas e síltico-argilosas. As ardósias são resistentes á meteorização e são bastante duráveis, cerca de 95% da Ardósia produzida no Brasil é extraída de Minas Gerais.

Processo produtivo:

Lavra

Decapeamento > Corte > Desacoplamento > Carregamento > Envio de rejeitos para pilha

As ardósias no Brasil são lavradas a céu aberto com bancadas e em circuito fechado. O primeiro passo é o decapeamento do terreno, que pode chegar a 40m de profundidade. Nessa etapa é gerada a maior parte de rejeitos em razão da retirada da camada de solo, rochas intemperizadas e rochas alteradas.

 

Imagem 2: Lavra de ardósia

A lavra é realizada em degraus, a primeira etapa consiste na realização de cortes verticais com profundidade entre 15 cm e 25 cm, formando lajões que possuem formas retangulares de aproximadamente 2,30 m x 1,40 m. Quando ocorrem fraturas e as formas ficam irregulares, são formadas as lajinhas. O desacoplamento é realizado por meio de cunhas e o carregamento é realizado em caminhões. Os rejeitos são enviados as pilhas de estéril.

Beneficiamento

Após a lavra, os lajões e as lajinhas são enviados às indústrias de beneficiamento.

O principal produto são os ladrilhos/lajotas, utilizados em revestimentos, principalmente de pisos. Também são elaboradas chapas, para peças padronizadas, para tampos de mesa, pia e bilhares, revestimento de paredes e pisos, divisórias, mobiliário, pisos elevados, telhas (principal item de exportação), mosaicos telados, lousas e artesanato.

Normalmente, o beneficiamento ocorre nas seguintes etapas:

Delaminação > Corte > Esquadrejamento > Acabamento (opcional)

Durante o processo de delaminação, os lajões são abertos com cunha e marreta, para obtenção de chapas de menor espessura. Já o corte e o esquadrejamento são realizados com discos diamantados, na dimensão exigida pelo mercado.

 

  • GRANITOS E MÁRMORES

Segundo a ABIROCHAS (2009):

O termo granito (granite) designa um amplo conjunto de rochas silicáticas, abrangendo monzonitos, granodioritos, charnockitos, sienitos, dioritos, diabásios/basaltos e os próprios granitos, geradas por fusão parcial ou total de materiais crustais preexistentes.

Imagem 3: Jazida de granito, Barra de São Francisco, Espírito Santo.

 

O termo mármore é empregado para designar todas as rochas carbonáticas, metamórficas ou não, capazes de receber polimento e lustro. O crescimento recente da participação relativa dos granitos foi, pelo menos em parte, determinado por sua maior durabilidade e resistência ante os mármores, além dos padrões estéticos não tradicionais e as possibilidades de paginação em pisos e fachadas.

Imagem 4: Jazida de mármore, Cachoeira de Itapemirim, Espírito Santo.

Lavra

Os mármores e os granitos são explorados em lavras a céu aberto. Os tipos de lavras mais utilizados são as lavras em bancadas, por desabamento ou em matacões. As lavras em bancadas são subdivididas em altas e baixas. As lavras em bancadas altas normalmente ocorrem em maciços que possuem uma heterogeneidade que leva à extração seletiva dos blocos. Ela se dá em etapas, nas quais primeiramente é extraído o bloco primário (6 a 12 metros de altura) e depois há desmembramentos até se atingir o tamanho desejado. As lavras em bancadas baixas ocorrem em maciços homogêneos. A altura normalmente varia entre 2 e 4 metros, e as bancadas são extensas horizontalmente. As lavras por desabamento acontecem em áreas com terrenos acidentados. Utilizam-se explosivos para o desmonte da rocha, facilitando o desdobramento. Já as lavras de matacões são consideradas simples, por causa da facilidade de operação e do baixo custo de produção. No entanto, além de provocar maior geração de rejeito e maior movimentação de solo, têm baixa produção e material com pouca homogeneidade. Com o objetivo de expor o matacão para iniciar o desdobramento, que geralmente é realizado por fogo raiado, deve-se primeiro limpar o terreno. Após essa etapa, é realizado o esquadrejamento do bloco.

 

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Etapas:

Decapeamento > desmonte > desmembramento > esquedrejamento > armazenamento

No decapeamento, retira-se a camada superficial do solo e a rocha alterada, até se atingir o material a ser lavrado. O desmonte consiste no deslocamento dos blocos do maciço rochoso por meio de cortes. Após o desmonte, é feito o tombamento do bloco, geralmente por meio de máquinas pesadas como retroescavadeiras, pás carregadeiras ou macaco hidráulico. O tombamento deve ocorrer sobre colchões de amortecimento, que podem ser formados por solo, pedaços de rocha, argila e pneus, com o intuito de preservar a integridade do bloco. Com o bloco tombado, inicia-se o desmembramento com perfurações feitas por meio de marteletes e brocas. Cunhas mecânicas são utilizadas para deslocar o bloco e desmembrá-lo. O esquadrejamento visa retirar as irregularidades nas laterais. São usados marteletes manuais, ponteiros, talhadeiras e marretas. É um trabalho que exige grande habilidade manual para não prejudicar o acabamento da peça. Depois de todas as etapas, os blocos são estocados para aguardar o carregamento e o transporte.

Beneficiamento

As etapas de beneficiamento são as seguintes:

Corte > polimento e lustre > acabamento > esquadrejamento

Existem várias técnicas de corte (serragem), sendo as mais utilizadas aquelas por meio de teares de lâminas, teares multifios diamantados e talhas-blocos. Após a etapa de corte, as chapas passam pelo processo de polimento e lustro, com o objetivo de tornar a superfície mais lisa e dar brilho à peça.

Imagem 5: Bloco de granito extraído com fio diamantado.

Em relação ao acabamento, existem diversas técnicas que podem ser empregadas de acordo com a demanda. Podem ser citadas o apicoamento, o flameamento, o jateamento de areia, o boleamento, a fresagem, o bisotamento, dentre outras.

Imagem 6: Acabamento em granito
  • QUARTZITO

Segundo a ABIROCHAS (2009), os quartzitos podem ser definidos como: Rochas metamórficas com textura sacaroide, derivadas de sedimentos arenosos, formadas por grãos de quartzo recristalizados e envolvidos ou não por cimento silicoso.

Imagem 7: Lavra de Quartzito

Lavra

A lavra é realizada a céu aberto, em bancadas. A primeira etapa é o decapeamento,

que se inicia com a retirada do solo que, neste caso, costuma ser facilitada, em razão

da fina camada de solo existente. No próprio local, as placas são delaminadas com talhadeiras e martelo, originando peças mais delgadas. As peças com melhor aproveitamento econômico são denominadas “folheado”, e as peças com pouca capacidade de delaminação são chamadas de “pedrão”.

Imagem 8: : Uso de cunha para retirada de placas

Beneficiamento

Muitas vezes, o quartzito não necessita de acabamento industrial. Em alguns casos, as peças são esquadrejadas, riscadas e cortadas à percussão (martelo), apoiadas sobre uma quina de metal. Esse processo ocorre na própria lavra, originando lajotas de borda rugosa, que já podem ser comercializadas para alguns fins.

 

Abordamos um pouco sobre as Rochas Ornamentais e seu processo produtivo, caso queira saber mais, acesse as referências abaixo. Até mais 🙂

 

REFERÊNCIAS:

Imagens – Manual de Caracterização, Aplicação, Uso e Manutenção das Principais Rochas Comerciais no Espírito Santo/ Publicação do Instituto Euvaldo Lodi – IEL-ES 1ª Edição Cachoeiro de Itapemirim/ ES 2013.

Imagens e textos – GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DA INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS

ABIROCHAS – Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais. Guia de aplicação de rochas em revestimentos – Projeto Bula. Cid Chiodi Filho; Eleno de Paula Rodrigues. São Paulo, SP. 2009

ABIROCHAS – Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais. O setor de rochas ornamentais e de revestimento: situação atual, demandas e perspectivas frente ao novo marco regulatório da mineração brasileira. Fevereiro de 2013. Informe 06/2013. São Paulo – SP.

MINAS GERAIS. COPAM – Conselho Estadual de Política Ambiental. Deliberação Normativa nº 74, de 9 de setembro de 2004. Estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ambiental de funcionamento ou de licenciamento ambiental no nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise de pedidos de autorização ambiental e de licenciamento ambiental, e dá outras providências. 2004.

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