Minério de cobre: Importância, tipos de depósitos e curiosidades

Minério de cobre: Importância, tipos de depósitos e curiosidades
(Minério de cobre. Banco de Imagens)

O cobre é um metal extremamente importante para suprir as necessidades do ser humano: foi um dos primeiros metais a ser descoberto e extraído pelo homem, ​​e um dos materiais mais relevantes no desenvolvimento das civilizações atuais. 

Os depósitos do tipo pórfiro fornecem cerca de 75% do cobre mundial, que está em crescente demanda como principal matéria-prima em infraestrutura de energia e tecnologias verdes.

Cobre e seu contexto nas civilizações

O cobre é um metal de coloração laranja-avermelhada (junto com o ouro, são os únicos metais cuja coloração natural não é cinza ou prateada). A utilização de cobre pelo homem se dá a partir de cerca de 8.000 a.C, em moedas e ornamentos.

Por volta de 5.000 a.C as ferramentas de cobre ajudaram a civilização a emergir da Idade da Pedra. A descoberta de que o cobre ligado ao estanho produz bronze marcou o início da Idade do Bronze por volta de 3.000 a.C, sendo usado em ferramentas e instrumentos.

O cobre foi um dos primeiros metais usados ​​para fazer moedas, e essa prática começou por volta de 8.000 aC. 

Moeda de cobre do tipo follis romana com uma imagem de Constâncio I. (Copyright da foto iStockphoto)

O uso do cobre desde os primórdios das civilizações está atrelado sobretudo às suas principais características físicas e químicas, que tornam o metal extremamente útil para as aplicações do ser humano.

As principais características do cobre são:

  • É um metal extremamente maleável
  • É resistente à corrosão e a altas temperaturas (baixa dilatação térmica)
  • Conduz calor e eletricidade de forma eficiente (mais do que qualquer outro metal explorado comercialmente)
  • Apresenta elevada durabilidade e baixa tendência à incrustação
  • É um metal 100% reciclável
  • Apresenta propriedades antimicrobianas

Como resultado, o cobre foi importante para os primeiros humanos e continua a ser um material de escolha para uma variedade de aplicações domésticas, industriais e de alta tecnologia, desempenhando um papel vital na vida cotidiana da sociedade moderna.

Demanda pelo cobre e a sociedade tecnológica

 A Revolução Industrial marca a primeira grande demanda pelo cobre, face às descobertas de Faraday relacionadas ao magnetismo e ao gerador elétrico, impulsionando uma nova era. Nesse período a Grã-Bretanha se destacou como o maior produtor mundial de cobre. 

No século 21, o crescente aumento da população mundial e dos avanços tecnológicos geraram uma nova e contínua onda pela demanda de cobre e de outros recursos minerais, com o desenvolvimento do conhecimento científico e descoberta de novos usos para esse metal e incrementando-se seus campos de aplicação: seu uso mais que triplicou nos últimos 50 anos. 

Embora o cobre tenha sido usado por humanos por muitos séculos, mais de 95% de todo o cobre já minerado e fundido foi extraído após 1900.

Nas sociedades atuais, o consumo crescente pelo metal gera uma alta demanda, fazendo com que a produção aumente, bem como a necessidade de contínuos estudos para identificar novas jazidas e novas tecnologias de extração e reciclagem do minério. 

Cobre: além da rede elétrica

Além das aplicações no âmbito eletrônico, de meios transporte e construção civil, as quais são a grande maioria da aplicação do metal, o cobre está presente em diversos outros contextos. 

O metal também é atualmente relevante como uma das principais matérias primas de turbinas eólicas, constituído no gerador, nos transformadores de força, na caixa de engrenagens e no cabeamento das torres. 

Tubos de cobre podem ser usados em redes hidráulicas de água quente e em equipamentos de aquecimento solar, devido à sua resistência térmica. 

O metal também é utilizado na medicina, agricultura, arquitetura, em instrumentos musicais de sopro e percussão, utensílios domésticos, em cascos de navios, jóias entre muitas outras aplicações.

Mais de 400 tipos de ligas de cobre estão em uso nos dias atuais. O latão é uma liga de cobre e zinco, enquanto o bronze é uma liga de cobre, estanho, alumínio, silício e berílio. 

O cobre pode ser reciclado sem qualquer perda de propriedades, tornando-se uma escolha lógica em uma era de sustentabilidade global. O cobre maximiza o desempenho dos produtos que o contêm, ajudando a economizar energia, CO2, dinheiro e vidas.

A estátua da liberdade e o revestimento de cobre

O cobre torna-se verde devido a uma reação de oxidação, ou seja, ele perde elétrons quando é exposto à água e ao ar. O óxido de cobre resultante é um verde opaco. Essa reação de oxidação é o motivo pelo qual a Estátua da Liberdade revestida de cobre é verde em vez de laranja-avermelhada. 

A mudança da cor de cobre alaranjado para o verde ocorreu gradualmente e foi concluída em 1920, 34 anos depois que a estátua foi dedicada e inaugurada, de acordo com a Sociedade Histórica de Nova York. 

Em 1886, a Estátua da Liberdade representou o maior uso de cobre em uma única estrutura. Para construir a estátua, cerca de 80 toneladas de cobre.

Reconstrução gráfica da Estátua da Liberdade em 1886, antes de sofrer a oxidação do cobre e gerar a pátina. (Fonte: GeoPizza).

Qual a relação da covid-19 e o minério de cobre?

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O novo coronavírus, responsável pela pandemia de COVID-19, pode sobreviver por dias em superfícies de vidro, plástico e aço inoxidável, mas morre em poucas horas em uma superfície de cobre. Isso ocorre devido às propriedades antimicrobianas do cobre, que são eficazes contra uma ampla variedade de organismos causadores de doenças. 

Em hospitais, o uso de cobre e ligas de cobre em superfícies freqüentemente tocadas pode reduzir o número de pacientes que adquirem infecções durante a internação hospitalar. Dessa forma, essa prática vem sendo adotada com sucesso em hospitais para diminuir a transmissão do vírus.

Depósitos minerais de cobre

Minério de cobre. (Canva)

O cobre, assim como os outros depósitos de metais básicos: níquel, estanho, zinco e chumbo, formam depósitos minerais comumente de grande tonelagem, os quais os minérios mesmo que classificados de baixo teor, geram lucros relativos a elevada quantidade processada do minério. 

Os teores das maiorias dos minérios de cobre são em torno de 0,5%, sendo que teores acima de 1%-2% são relativamente mais raros.

A classificação dos tipos de depósitos minerais se relacionam aos seus ambientes e processos geológicos formadores (sua gênese), e são baseados em modelos que sintetizam o estado do conhecimento sobre tais depósitos minerais, elaborados a partir do conhecimento científico acumulado com o estudo de concentrações metálicas de alto teor e grandes reservas (jazidas). Esses estudos visam o reconhecimento e identificação das ocorrências minerais, incluindo seu potencial econômico.

A mineralização do cobre ocorre em em uma variedade de configurações geológicas e existem vários fatores a serem considerados ao determinar o valor de diferentes tipos de depósitos de cobre. 

A mineração extrai o cobre em minas subterrâneas ou a céu aberto (ou mistas), onde a maioria das operações de lavra provém de minas a céu aberto.

Os principais tipos de depósitos de Cobre são:

  • Depósitos tipo pórfiro 
  • Depósitos hospedados por rochas sedimentares
  • Depósitos de minério de sulfeto maciço vulcanogênico (VMS)
  • Depósitos de minério de óxido de ferro-cobre-ouro (IOCG)
  • Depósitos de segregação magmática
  • Depósitos do tipo skarn

Depósitos do tipo pórfiro

Dentre os vários tipos de depósitos de cobre, o depósito do tipo pórfiro é a principal fonte do cobre mundial, constituindo 75% por cento deste. São depósitos associados a rochas magmáticas em contextos de cadeias de montanhas em um regime de colisão de placas tectônicas, como na Cordilheira dos Andes na América do Sul e nas Montanhas Rochosas na América do Norte. 

Esses tipos de depósitos são de baixo teor, mas são fontes importantes de cobre porque podem ser trabalhados em larga escala com baixo custo. Eles normalmente contêm entre 0,4 e 1% de cobre em combinação com pequenas quantidades de outros metais e são geralmente maciços, com extração ocorrendo por mineração a céu aberto.

Depósitos hospedados por rochas sedimentares

O segundo tipo mais importante de depósito de cobre é associado a rochas sedimentares, respondendo por aproximadamente um quarto dos depósitos de cobre identificados no mundo. Exemplos são o cinturão de cobre da África Central e a bacia de Zechstein, na Europa Oriental.

Localização dos dois tipos principais de depósitos minerais de cobre (tipo pórfiro e tipo associado a rochas sedimentares) ao redor do mundo em 2008. Fonte: USGS

Depósitos de minério de sulfeto maciço vulcanogênico (VMS)

Outros tipos importantes de depósitos de cobre encontrados em todo o mundo incluem: os depósitos de minério de sulfeto maciço vulcanogênico (VMS), associados a uma fonte de sulfeto de cobre formado por meio de eventos hidrotermais em ambientes submarinos. Um exemplo é  o depósito de Rio Tino, na Espanha.

Outros depósitos: IOCG, segregação magmática e tipo skarn

Os depósitos de minério de óxido de ferro-cobre-ouro (IOCG), sendo de concentrações mais elevadas associados a estruturas geológicas como veios e fraturas. Exemplos são os depósitos de Copper Hills, na Austrália, e de Carajás, no Brasil.

Os depósitos de segregação magmática, associados com sulfetos na formação de rochas magmáticas máficas e ultramáficas. Um exemplo de depósito desse tipo é Sudbury, no Canadá.

Por fim podemos citar os depósitos de cobre do tipo skarn, formados por meio de alterações minerais associadas a intrusões em rochas carbonáticas. Exemplo desse tipo é o depósito de Ok Tedi, na Papua Nova Guiné.

Depósitos de Cobre no Brasil  

As primeiras ocorrências de cobre no Brasil foram descobertas no século XIX no Ceará (Pedra Verde, em 1833), no Rio Grande do Sul (Camaquã, em 1865) e na Bahia (Caraíba, em 1874). Ao longo dos anos, muitos esforços foram realizados a fim de descobrir novos depósitos e iniciar novas operações de lavra.

Distribuição dos tipos de depósitos de cobre mundiais e do Brasil (Fonte: Juliani et al. 2016).

Diferentemente do contexto mundial, os principais depósitos de cobre no Brasil são os do tipo IOCG e concentram-se na Província Mineral de Carajás – PA, considerados os únicos depósitos de cobre de classe mundial de idade arqueana, formados em eventos hidrotermais há cerca de 2,70 bilhões de anos atrás. 

As duas principais minas de cobre do país são as minas de Salobo e Sossego (PA), operadas pela Vale.

Mina Salobo, Pará. (Vale)

Os principais depósitos de cobre no Brasil são:

  • Província de Carajás, no Pará (depósitos do tipo IOCG)
  • Mina de Chapada, da Mineração Maracá, em Goiás (depósitos pórfiros)
  • Jazidas do Vale do Curaçá, na Bahia (depósitos magmáticos de sulfetos)
  • Distrito de Camaquã, no Rio Grande do Sul (depósitos em série sedimentares detríticas)
  • Província de Alto Jauru, em MT (Depósitos do tipo VMS)
  • Santa Blandina e Itaóca, em São Paulo (Depósitos do tipo Skarn)
Mapa do Brasil mostrando a distribuição dos principais depósitos e minas de cobre do país. Áreas potenciais para ocorrência de pórfiros de Cu, de Cu–Mo e de Cu–Au do: (A) e (B) Paleoproterozoico, bem  preservados; (C) Neoproterozoico, metamorfizados; (D) Mesoproterozoico e do Neoproterozoico, metamorfizados;  (E) Eopaleozoico e depósitos IOCG do: (F) Neoproterozoico e Eopaleozoico. (Fonte: Juliani et al. 2016).

Minério de cobre – sociedade do agora e do futuro

Importante no passado e indispensável no agora, o minério de cobre certamente estará presente na sociedade do futuro, com o aumento da população e do desenvolvimento econômico e tecnológico – o minério é um importante contribuinte para as economias nacionais de países desenvolvidos e em desenvolvimento. 

Com o aumento da demanda por cobre e outros metais base, a indústria da mineração deve cada vez mais desenvolver técnicas mais sustentáveis na extração de minérios, dado que o consumo por tais recursos naturais será inevitável.

O cobre continuará a contribuir para o desenvolvimento da sociedade no futuro e a moldar o mundo que conhecemos hoje.


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Depósitos Hidrotermais – Tipos, como se formam e exemplos no Brasil e no mundo.

Qual a relação entre tectônica de placas e os depósitos minerais na crosta?

Referências

Doebrich, Jeff, 2009, Copper–A Metal for the Ages: U.S. Geological Survey Fact Sheet 2009-3031, 4 p., available at https://pubs.usgs.gov/fs/2009/3031/.

Juliani, C., Monteiro, L. V. S., & Fernandes, C. M. D. (2016). Potencial mineral: cobre. In Recursos minerais no Brasil [recurso eletrônico]: problemas e desafios (p. 134-154). Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências. Recuperado de http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-7006.pdf

https://www.livescience.com/29377-copper.html

https://www.usgs.gov/centers/nmic/copper-statistics-and-information

https://www.iea.org/reports/renewables-2020

www.icsg.org

https://geology.com/usgs/uses-of-copper/

https://pubs.usgs.gov/fs/2009/3031/FS2009-3031.pdf

https://www.cleanroomtechnology.com/news/article_page/French_hospitals_confirm_infection_prevention_qualities_of_antimicrobial_copper/99126

3 comments

A Jazida de nome Camaquã, porém, situada em Caçapava do Sul, já encontra-se exaurida para o metal cobre (sedimentar).

Sou grande pesquisador de minérios de diferentes categorias e aplicações. E sobre o cobre foi interessante saber que existem diferentes tu tipos, conforme o lugar onde ocorre. Fiquei quando mais baixo for o teor melhor é a qualidade deste etal.

Faltou mencionar a Jazida Santa Maria, uma grande jazida de cobre com subprodutos de Prata (Ag) e zinco (Zn), a qual foi pleiteada sua exploração por conta da empresa Nexa Resourses (Grupo Votorantin), e teve uma forte resistência por conta de “Ambientalistas da Guanxuma” e, apesar da tecnologia de ponta, não contou com a simpatia da FEPAM e do MP, dois orgãos governamentais aparelhados e de esquerda que, sem o menor esforço sucumbiu aos encantos daqueles que, morrem de amores pelo Rio Camaquã.

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