Sistema Petrolífero

Sistema Petrolífero

Hoje falaremos sobre o Sistema Petrolífero e sua constituição!

Ao longo de décadas de exploração, a indústria petrolífera foi gradualmente percebendo,  que para se encontrar jazidas de hidrocarbonetos de volume significativo era fundamental que um determinado número de requisitos geológicos ocorressem simultaneamente nas bacias sedimentares.

O estudo destas características de maneira integrada e a simulação preliminar das condições ótimas para sua existência concomitante, com o objetivo de permitir a diminuição do risco exploratório envolvido nas perfurações de poços, um item de elevado custo, foram consolidados em um único conceito: o de sistema petrolífero (Magoon & Dow, 1994)

Um sistema petrolífero ativo compreende a existência e o funcionamento síncronos de quatro elementos (rochas geradoras maturas, rochas-reservatório, rochas selantes e trapas) e dois fenômenos geológicos dependentes do tempo (migração e sincronismo), que serão descritos a seguir.

Figura 1: Sistema petrolífero

 

Rochas geradoras: Uma rocha geradora deve possuir matéria orgânica em quantidade e qualidade adequadas e submetida ao estágio de evolução térmica necessário para degradação do querogênio. São normalmente constituídas de material detrítico de granulometria muito fina (fração argila), tais como folhelhos ou calcilutitos, representantes de antigos ambientes sedimentares de baixa energia e que experimentaram, por motivos diversos, explosões de vida microscópica.

Rochas reservatório: Denomina-se de reservatório à rocha com porosidade e permeabilidade adequadas à acumulação de petróleo. De maneira geral, ela é composta de grãos, ligados uns aos outros pelo chamado cimento, juntamente com a matriz, um material muito fino. Exemplos de rocha-reservatório são os arenitos, calcarenitos, rochas sedimentares permeáveis com porosidade intergranular e folhelhos e carbonatos com fraturas.

Rochas selantes e trapas: Atendidas as condições de geração e migração, para que se dê a acumulação do petróleo, é necessário que alguma barreira se interponha no seu caminho, que é produzida pela rocha selante cuja a característica principal é a baixa permeabilidade. Outra característica importante é a plasticidade, pois ela garante que essa superfície mantenha suas características mesmo que sofra deformações. As principais rochas que funcionam como rocha selante são as argilosas (folhelhos), que representam a maioria das rochas de coberturas nos reservatórios petrolíferos conhecidos, e as evaporíticas (depósitos salinos).

Outra característica necessária para a formação de um reservatório de petróleo é a existência de armadilhas, ou trapas. As trapas podem ser classificadas como estruturais, estratigráficas, hidrodinâmicas ou mistas. As trapas estruturais são aquelas cuja geometria é o resultado de atividade tectônica, estando relacionadas a falhas, dobras ou diápiros. Anticlinais associados a falhas reversas ou normais constituem o tipo de trapa estrutural mais comum. As trapas estratigráficas são aquelas resultantes de variações litológicas, podendo ser de origem deposicional (ex: recifes, lentes de arenitos, etc) ou pós-deposicional (ex: truncamentos, barreiras diagenéticas, etc). As trapas hidrodinâmicas formam-se em áreas onde o fluxo descendente de água retém o petróleo sem nenhum tipo de fechamento estrutural ou barreira estratigráfica. As trapas mistas são o resultado da combinação de duas de quaisquer situações acima (PGT, 2010).

Figura 2: Ilustração dos tipos de armadilha.

 

Migração: Para se ter uma acumulação de petróleo é necessário que, após o processo de geração, ocorra a migração e que esta tenha seu caminho interrompido pela existência de algum tipo de armadilha geológica. Há basicamente dois tipos de migração:

  • Primária: processo de expulsão do petróleo da rocha geradora. Os fatores controladores desse fenômeno são incertos, mas acredita-se que ocorra devido a um gradiente de pressão em resposta à contínua compactação e à expansão volumétrica ocasionada pela formação do petróleo (PGT, 2010). Este aumento de pressão produz microfraturas na rocha geradora que permite a passagem do fluido e o consequente alívio de pressão, formando um ciclo.
  • Secundária: percurso que o óleo faz ao longo de uma rocha porosa e permeavél até ser interceptado por uma armadilha geológica (THOMAS, 2004). Trata-se de um fluxo em fase contínua que depende do gradiente de pressão devido à compactação, da pressão capilar e da flutuabilidade (força vertical resultante da diferença de densidade entre o petróleo e a água)

Sincronismo: no tocante à geologia do petróleo, é o fenômeno que faz com que as rochas geradoras, reservatórios, selantes, trapas e migração se originem e se desenvolvam em uma escala de tempo adequada para a formação de acumulações de petróleo. Assim sendo, uma vez iniciada a geração de hidrocarbonetos dentro de uma bacia sedimentar, após um soterramento adequado, o petróleo expulso da rocha geradora deve encontrar rotas de migração já formadas, seja por deformação estrutural anterior ou por seu próprio mecanismo de sobrepressão desenvolvido quando da geração. Da mesma maneira, a trapa já deve estar formada para atrair os fluidos migrantes, os reservatórios porosos já devem ter sido depositados, e não muito soterrados para perderem suas características permo-porosas originais, e as rochas selantes já devem estar presentes para impermeabilizar a armadilha.

Assim, o processo de formação de hidrocarbonetos economicamente viáveis é uma associação muito delicada entre os acontecimentos geológicos, bastando um dos elementos não estar presente para que não exista formação e armazenamento de hidrocarbonetos.

 

Referências Bibliográficas

THOMAS, J. E.”Fundamentos de Engenharia de Petróleo”. Editora Interciência, 2004.

MILANI, E. J.; BRANDAO, J. A. S. L.; ZALAN, P. V.  and  GAMBOA, L. A. P..Petróleo na margem continental brasileira: geologia, exploração, resultados e perspectivas. Rev. Bras. Geof.[online]. 2000, vol.18, n.3, pp.352-396.

MAGOON, L. B., & DOW, W. G., 1994. The Petroleum System, in Magoon, L. B., and Dow, W. G., eds., The petroleum system – From source to trap: American Association of Petroleum Geologists Memoir 60, p. 3-24.

PETROLEUM GEOSCIENCE TECHNOLOGY. Geologia do Petróleo. Disponível em: http://www.pgt.com.br/artigo.pdf

http://www.petroleo.ufc.br/index.php?option=com_content&task=view&id=394&Itemid=56

 

5 comments

Quase um milagre a geração de uma acumulação! Parabéns pelo blog, precisamos de mais divulgação científica!

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