Vulcão de Fogo: Entenda como ocorreu a erupção de um dos vulcões mais ativos da América Central

Vulcão de Fogo: Entenda como ocorreu a erupção de um dos vulcões mais ativos da América Central

O vulcão de Fuego

O Vulcão de Fogo, “Fuego” em espanhol, é um dos vulcões mais ativos da América Central e um dos três grandes estratovulcões com vista para Antígua, antiga capital da Guatemala, região com maior densidade de vulcões ativos do mundo.

Um estratovulcão é uma montanha vulcânica que é formada pela acumulação durante as erupções, de fluxos de lava e níveis de cinzas. É um vulcão de vulcanismo explosivo, o qual é caracterizado por encostas íngremes, e presença de uma cúpula, na parte superior, feita de lava muito viscosa e cheio com gás. Etna na Sicília, Kilimanjaro na Tanzânia, Merapi na ilha de Java, na Indonésia e o Ngauruhoe, vulcão na Nova Zelândia são exemplos de estratovulcões.

A escarpa de um dos vulcões da Guatemala, o Meseta, fica entre o vulcão Fuego (3.763 m de altura) e o seu vulcão gêmeo, ao norte, o Acatenango. O colapso do ancestral vulcão Meseta, cerca de 8500 anos atrás, produziu o enorme depósito de detritos-avalanche de Escuintla, que se estende por cerca de 50 km até a planície costeira do Pacífico.

A subducção da placa de Cocos, abaixo da placa do Caribe, é o que cria toda a cadeia vulcânica ao longo do istmo centro-americano e relaciona os vulcões da Costa Rica, Nicarágua, Salvador e Guatemala. A placa tectônica de Cocos, que alcança uns 100 quilômetros de profundidade, interage com o manto terrestre e cria o magma que atravessa o córtex e gera estes vulcões explosivos e de grande altura.

Imagem 1: Mapa tectônico simplificado. A subducção da Placa do Cocos sob a Placa do Caribe produz o arco da América Central. O arco é definido pela linha de vulcões (triângulos negros). Modificado de Duffield e outros (1989).

Nesta região, os vulcões gêmeos Acatenango e de Fuego continuaram a migração do vulcanismo para o sul. Em contraste com o vulcão Acatenango, majoritariamente andesítico, as erupções em Fuego tornaram-se mais máficas com o tempo, e a maior parte da atividade histórica produziu rochas basálticas. Erupções históricas vigorosas frequentes foram registradas em Fuego desde o início da era espanhola em 1524, e produziram grandes volumes de cinzas, juntamente com fluxos piroclásticos ocasionais e fluxos de lava. Na última grande erupção explosiva, em 1974, de Fuego produziu espetaculares fluxos piroclásticos visíveis de Antigua.

Fuego entrou em erupção mais de 60 vezes desde 1524, tornando-se o vulcão historicamente mais ativo da América Central. Três dessas erupções causaram fatalidades. Normalmente, as erupções vulcânicas violentas duram de algumas horas a vários dias e produzem fluxos piroclásticos.

Imagem 2: Erupções do vulcão de Fuego em 1932 e em 1974, à direita.

Suas erupções são do tipo estromboliano (pequenas rajadas de lava) com eventuais fases de intensa quantidade de lava. Produz colunas altas de cinzas e fluxos piroclásticos perigosos. Neste século, está em erupção desde 2002 e durante o ano de 2017 permaneceu continuamente ativo. No dia 17 de maio de 2018, um lahar (lama vulcânica) de 25 metros de largura extravasou e houve explosões e plumas de cinzas de 19 a 21 de maio.

Em 3 de junho, o vulcão de Fuego entrou em erupção pela segunda vez em 2018. Foram lançadas colunas de cinzas e fluxos piroclásticos que se espalharam para oeste e sudoeste alcançando Chimaltenango, Sacatepéquez, Escuintla, Mixco e algumas áreas na Cidade da Guatemala. Os mortos chegam a cerca de uma centena e há aproximadamente o dobro de desaparecidos.

Figura 3: Vulcão de Fuego em 2018.

Depósitos Piroclásticos

A água e os gases nos magmas podem provocar efeitos ainda mais dramáticos no estilo das erupções. Antes de um magma entrar em erupção, a pressão confinante devido às rochas sobrejacentes não permite que esses voláteis escapem. Quando o magma chega próximo a superfície e a pressão cai, os voláteis podem ser liberados explosivamente, estraçalhando a lava e qualquer rocha sólida que estiver acima em fragmentos de vários tamanhos, formas e texturas. Esses fragmentos, conhecidos como piroclastos, são classificados de acordo com seu tamanho.

Ejetólitos Vulcânicos – Os fragmentos menores, com menos de 2mm de diâmetro, são chamados de cinzas vulcânicas. As erupções vulcânicas podem borrifar cinza na atmosfera, onde a cinza suficiente fina para se manter em suspensão pode ser carregada por uma grande distância. Por exemplo, duas semanas após a erupção de 1991 do Monte Pinatubo, nas Filipinas, a poeira vulcânica era detectada em volta de toda a Terra por satélites orbitais.

Fluxo Piroclástico

O fluxo piroclástico, um tipo particularmente espetacular e devastador de erupção, é uma mistura fluidizada de fragmentos sólidos a semi-sólidos e gases quentes em expansão, que fluem pelo flanco vulcânico. Ocorre quando a cinza quente e gases são ejetados como uma nuvem ardente que se projeta montanha abaixo em alta velocidade. Essas características impressionantes são emulsões mais pesadas que o ar que se movem de forma similar a uma avalanche de neve, exceto pelo fato de que são extremamente quentes, contêm gases tóxicos e se movem a velocidades fenomenais, semelhantes à de um furacão, geralmente acima de 100 km/h. Eles são os mais mortais de todos os fenômenos vulcânicos.

Em 1902, uma nuvem ardente com uma temperatura de 800 °C explodiu, sem muitos sinais prévios, no flanco do Monte Pelado, na ilha da Martinica, no Caribe. A avalanche de gás asfixiante e de cinca vulcânica incandescente derramou-se pelas encostas a uma velocidade de 160 km/h. Em um minuto e praticamente em silêncio, a emulsão fervente de gás, cinza e poeira envolveu a cidade de Saint Pierre, matando 29 mil pessoas.

A extraordinária velocidade de um fluxo piroclástico é parcialmente atribuída à sua fluidização. As feições de superfície produzidas por um vulcão quando ejeta material variam de acordo com as propriedades do magma, sobretudo sua composição química e conteúdo gasoso, tipo de material (lava versus piroclastos) e condições ambientais sob as quais ele entra em erupção – na terra ou submerso. As formas de relevo também dependem da taxa com que a lava é produzida e o sistema de dutos que a leva para a superfície.

O vulcão de Fuego não se caracteriza por longos fluxos de lava fluida, como os que são vistos na erupção no vulcão Kilauea, no Havaí (Leia mais sobre aqui). Guatemala, em 2018, e Pompeia, em 79 dC, sofreram efeitos semelhantes de duas erupções vulcânicas com estilos um pouco diferentes. Ambos foram atingidos por uma nuvem de gás, cinzas, lapilli e blocos de rochas a temperaturas muito elevadas. Porém, enquanto o vulcão de Fuego, na Guatemala, gerou colunas de cinzas e gases de até 4 quilômetros de altura, com fluxos piroclásticos incluídos, no caso do Vesúvio, os fluxos piroclásticos resultaram do colapso sobre si mesma de uma coluna de gás e cinzas de até 25 quilômetros de altura.

Vesúvio: O vulcão que destruiu Pompeia

O Monte Vesúvio faz parte do complexo vulcânico Somma-Vesúvio localizado na costa oeste da Itália. É o único vulcão ativo na Europa continental e, no mundo, é um dos que apresenta maior risco pela sua proximidade com a cidade de Nápoles e com as populações vizinhas nas encostas próximas. Estima-se que 1 milhão de pessoas vivam dentro da zona de perigo. Apesar de já ter entrado em erupção mais de 50 vezes, ficou conhecido por sua ação em 79 dC quando destruiu as cidades de Pompéia e Herculano. O cone do Vesúvio muda a cada nova erupção, em 2013 tinha 1.281 metros de altura, sobressaindo-se em uma cordilheira semicircular chamada Monte Somma que se eleva a 1.140 metros em média.

O Vesúvio faz parte do arco vulcânico da Campânia juntamente com outros vulcões italianos, como o Mont Etna, o Campi Flegrei e o Stromboli. Este arco se localiza na fronteira onde a placa tectônica Africana está em subducção sob a placa Eurasiana. Suas erupções estrombolianas com lava andesítica normalmente são explosivas, incluindo fluxos piroclásticos, e ocorriam a cada 20 anos até que a última mais séria aconteceu em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Ela prejudicou as recém-chegadas forças aliadas na Itália com cinzas e rochas

Imagem 4: Região afetada pelo Vesúvio em 79 dC, na Itália.

Fundada em 600 aC, Pompeia se recuperava de um grande terremoto que a abalou em 62 dC. A reconstrução estava sendo realizada em vários templos e edifícios públicos. Os sismos da época também haviam danificado a cidade de Herculano e causado pequenos estragos em Nápoles. Eles eram comuns na região e, em agosto de 79 dC, ninguém prestou muita atenção aos tremores em Herculano e Pompeia. Pouco depois do meio dia, em 24 de agosto, o Vesúvio explodiu. As cinzas bloquearam o sol por volta das 13 h e começaram a cair a uma velocidade de cerca de 15 centímetros por hora. Uma muralha de lama vulcânica engoliu Herculano pouco depois da meia-noite com avalanches ígneas de gás e detritos. A antiga cidade de Stabiae também foi soterrada por destroços vulcânicos.

Desencadearam-se pelo menos seis ciclos de erupção e fluxos piroclásticos naquela única erupção, com rajadas de ventos fortes seguidos por seis rios de lama que destruíram tudo a cerca de 14 quilômetros do Vesúvio. Pompeia foi destruída em cerca de 25 horas, soterrada por cinzas. Durante 11 horas, o Vesúvio lançou uma quantidade inacreditável de pedra-pomes, cinzas e vapores no ar.

REFERÊNCIAS

ASTRONOO. Disponível em: <http://www.astronoo.com/pt/artigos/vulcoes-nova-zelandia.html>.

GONZALEZ, Marcos. Disponível em: <https://www.notasgeo.com.br/2018/06/os-vulcoes-vesuvio-e-de-fuego-e-os.html>.

OREGONSTATE. Disponível em: <http://volcano.oregonstate.edu/fuego>.

PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

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