A Geologia e o Geólogo na indústria do Petróleo

A Geologia e o Geólogo na indústria do Petróleo

Como todo bem mineral, os hidrocarbonetos também devem ser entendidos como jazida antes de iniciado o processo explotatório. Todo o ciclo de atividades é compreendido dentro da cadeia de Exploração & Produção (popularmente chamada de E&P, o Upstream dessa indústria), que consiste em uma série de métodos de investigação cujos objetivos são encontrar e caracterizar as acumulações de petróleo, bem como traçar estratégias para a sua recuperação otimizada, maximizando os resultados de produção.

Dito isso, podemos nos perguntar:

Como o Geólogo pode atuar na indústria de Petróleo?

A geologia é um dos domínios de conhecimento protagonistas no Upstream, atuando na concepção de modelos de sistemas petrolíferos e desenvolvimento de campos de petróleo, pois fornece insumos aos projetos de engenharia, variáveis essenciais a definição de alocação de poços e a criação de planos de drenagem, elevação e escoamento de óleo e gás natural, junto às condições logísticas e mercadológicas vigentes. 

Dentre suas subáreas, destacam-se inúmeras, que deixam clara a versatilidade do profissional graduado nessa ciência. 
De maneira geral, no E&P elas se dividem em disciplinas que têm como objetivo geral a caracterização e modelagem dos diferentes elementos do sistema petrolífero, a saber: 

  • Rochas geradoras;
  • Rochas reservatório; 
  • Rochas selantes;
  • Trapas;
  • Timming de geração do sistema e sua integração para a composição de um modelo integrado. 

Estudos exploratórios, realizados com base em dados indiretos (levantamentos geofísicos), avaliação de análogos (áreas cuja história geológica, em determinado período de tempo, apresentam semelhanças com o contexto estudado na campanha), revisão bibliográfica e estudo de material de poços na região (quando disponíveis), fomentam resultados quanto a ocorrência (ou não) de acumulação, parâmetros iniciais relativos a sua economicidade, alocação do poço a ser perfurado (que leva em consideração condições logísticas, ambientais e geotécnicas, a depender do tipo de sonda de perfuração) e previsão de parâmetros da operação. 

Essa miríade de estimativas é resumida em modelos espaciais, gráficos e quadros de previsão, concebidos por trabalho integrado a geofísicos e engenheiros.

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Laboratório de Testemunhos. Fonte: Petrobrás

Após essa breve explicação de como a geologia pode ser vista e aplicada na indústria petrolífera, vamos entender um pouco mais sobre algumas áreas de atuação de um geocientista nesse setor.

Atuação de um Geólogo na indústria de petróleo:

  1. Perfuração de Poços
  2. Estudos das Rochas
  3. Modelos Geológicos

Perfuração de Poços

Durante a perfuração de poços, a presença do geólogo é essencial, pois esse profissional garante, junto com a equipe de perfuração, o monitoramento dos parâmetros de operação, e o desenvolvimento e realização do quadro de previsão geológica. 

Através da análise de amostras de calha (fragmentos de rocha provenientes da cominuição das formações pela passagem da broca de perfuração), é possível identificar os litotipos perfurados e parâmetros relativos a presença de indícios de hidrocarboneto. 

Outras intervenções conduzidas nesse ambiente também carecem do acompanhamento do geólogo, como diversos tipos de amostragem de rocha (amostragem da parede do poço, testemunhagem, tomadas de pressão, testes de produção, etc…), e obtenção de dados indiretos (chamada de perfilagem de poço).

Em ambos os casos, a presença do geólogo é essencial para garantir a qualidade do dado obtido e seu acondicionamento. O material gerado durante a perfuração segue os próximos passos da cadeia de trabalho do E&P. Dele serão extraídas informações essenciais para a construção de modelos estáticos e dinâmicos.

Estudo das Rochas

No âmbito do estudo das rochas (sejam elas reservatórios, geradoras ou selantes), os geólogos desdobram-se em funções que vão da descrição tradicional das amostras extraídas, caracterização dessas por meio de dados indiretos (perfis) ou de resposta a diferentes estímulos (tensões, fluxo de fluidos, temperatura, etc…) relevantes ao objetivo tratado; até a concepção de parâmetros evolutivos diversos, a serem incorporados nas fases de trabalho seguintes. 

Nota-se que, apenas nessa área, há uma diversidade de universos, setores de conhecimento que giram em torno de diferentes aspectos do objeto de estudo, cada vez mais ampliada pelo desenvolvimento tecnológico ao qual a indústria está submetida e fomenta. 

Os objetivos dessa etapa variam de acordo com o tipo de rocha estudado, e visam entender a gênese e distribuição espacial dos diferentes litotipos (popularmente chamado de “arquitetura” dos depósitos), a natureza e origem do hidrocarboneto, e a capacidade de armazenamento da composição rocha selante/estrutura. 

A união das peças desse complexo quebra-cabeças é responsável pelo desenvolvimento de modelos geológicos, que têm como objetivo explicar, e prever, a distribuição dos elementos do sistema petrolífero.

Modelos Geológicos 

Em termos de produção de hidrocarbonetos, os geólogos atuam em franca integração com equipes de geofísicos e engenheiros voltados ao escoamento de fluidos. É de seu domínio a construção de modelos estáticos que honrem as heterogeneidades geológicas em escalas reproduzíveis nos modelos de fluxo (os famigerados “modelos [geológicos de] reservatório”). 

A participação desse geocientista na concepção dos modelos dinâmicos de escoamento é enriquecedora, pois é capaz de adicionar ao projeto a complexidade inerente aos sistemas naturais. 

Faz-se necessário a esse profissional a habilidade de traduzir a informação geológica relevante em uma linguagem que o corpo de engenheiros compreenda e consiga representar em seus modelos.

Plataforma de Petróleo

Além dos ramos mais tradicionais de Upstream, alguns que foram brevemente comentados aqui, a indústria do petróleo dispõe de geólogos nos segmentos de:

  • Midstream (atividades vinculadas ao refino de petróleo);
  • Downstream (fase logística, de transporte dos produtos da refinaria até o mercado consumidor).

Geralmente em atividades vinculadas a Geologia Ambiental (análise de impactos ambientais, contaminação etc.) e Geotecnia (estabilidade de taludes, avaliação de solo, dentre outras).

O caráter híbrido do profissional graduado em geologia, marcado pela capacidade de otimizar o conhecimento científico para resolução de problemas práticos, o torna altamente versátil na indústria de hidrocarbonetos. Sua participação é ampla e extremamente diversificada, impossível de ser resumida em um artigo como esse. 

A capacidade de integração com outras áreas é essencial para o desenvolvimento de profissionais completos e capazes de transmitir, de maneira efetiva, as informações relevantes para a construção de modelos, projetos e soluções cada vez mais robustas e benéficas para a sociedade.

Gostou desse conteúdo? Em breve trataremos sobre mais assuntos que fazem parte da Indústria Petrolífera. 

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