Geologia econômica – uma breve introdução

Geologia econômica – uma breve introdução

Depósitos minerais são tipos especiais de rochas, as quais, assim como todas as demais, tem sido continuamente criadas e destruídas pelos processos geológicos que atuam no interior e na superfície do planeta Terra. O tempo de formação de um deposito mineral pode se estender por milhões de anos, muito além, portanto, da escala de tempo utilizada pela humanidade.

O que são minerais

Minerais são definidos como “substâncias inorgânicas solidas e homogêneas que ocorrem naturalmente, com composição química definida e arranjo cristalino ordenado”. Minerais podem ser metálicos, por exemplo, o ouro (Au) e a calcopirita (CuFeS2) ou não metálicos, por exemplo, barita (BaSO4), calcita (CaCO3) e halita (NaCl).

A Geologia Econômica procura classificar os bens minerais com base na informação detalhada sobre tipos de minérios e depósitos que detenham valor econômico.

Conceitos da Geologia Econômica

Ocorrência mineral:

Qualquer minério ou mineral de importância econômica, em qualquer concentração, encontrados na rocha ou na superfície, como material disperso (blocos rolados).

Minério:

Mineral ou associação de minerais (rocha) que podem ser explorados do ponto de vista comercial. E composto pelos “minerais de minério” e por “minerais de ganga”, estes desprovidos de valor comercial.

Exemplos de minerais de minério: ouro, wolframita, cassiterita, hematita, calcopirita, galena, argentita, esfalerita, barita etc.

Exemplos de minerais de ganga: quartzo, calcita, turmalina, barita etc.

Reserva mineral:

Determinado volume de rochas com características próprias, passível de aproveitamento econômico.

Minério primário:

Minério que não sofreu alteração intempérica. Encontra-se normalmente em profundidade. Exemplo: depósitos de veios auríferos ou depósitos de sulfetos metálicos.

Minério secundário:

Minério que sofreu intemperismo e oxidação in situ, por exemplo, minérios supergênicos (lateríticos) de ouro, níquel, alumínio e ferro, ou então que sofreu intemperismo, desagregação, transporte e deposição, por exemplo, depósitos aluviais (placeres) de ouro, cassiterita, wolframita etc.

Protominério:

Concentração mineral de origem primaria, porém subeconômica. Sua concentração poderá ser aumentada até o nível de minério pela ação de processos naturais, por exemplo, pelo enriquecimento supergênico.

Jazida ou depósito mineral:

Distribuição em um volume especifico de “materiais de ocorrência natural dos quais um mineral ou minerais de valor econômico podem ser extraídos com lucro razoável”. Isso dependera da geografia, custo da energia, volume e teor do minério, grau de diluição, profundidade e várias outras variáveis.

Depósito hipogênico:

Formado em profundidade por soluções ascendentes.

Depósito supergênico:

Formado em superfície por soluções descendentes.

Rocha hospedeira:

Corpo rochoso que engloba outras rochas ou depósitos minerais. Por exemplo: uma intrusão granítica contendo xenólitos de anfibolito ou qualquer rocha na qual ocorra um deposito mineral.

Rocha encaixante:

Rocha adjacente que envolve ou que inclui um veio, camada ou disseminações de minerais de minério.

Corpo de minério:

Massa solida e razoavelmente continua de minério que pode incluir tanto minério de baixo teor, ou mesmo zonas estéreis, quanto o minério econômico. Os corpos de minério tem de ser necessariamente individualizados por sua geometria e características físicas e químicas em relação a rocha hospedeira.

Exploração:

Relaciona-se a fase de prospecção: busca e reconhecimento da ocorrência dos recursos naturais, e estudos para determinar se os depósitos tem valor econômico.

Explotação:

É a retirada (lavra ou mineração) do recurso para fins de beneficiamento, transformação e utilização.

Subprodutos:

Substâncias de interesse econômico que, isoladamente, não poderiam ser recuperadas com lucro, mas que podem ser extraídas devido a explotação efetuada para obtenção de outras substâncias.

Teor médio:

Concentração de uma substância em um corpo de minério normalmente traduzida em porcentagem (%), gramas de metal por tonelada do minério (g/t), ou partes por milhão (ppm).

Teor de corte:

Teor mais baixo de uma substância que pode ser lavrada com lucro a partir de um determinado deposito mineral.

Para que haja formação de um deposito mineral temos os seguintes fatores básicos:

  • a fonte ou as fontes dos componentes do sistema, sejam eles elementos químicos metálicos, sejam eles não metálicos;
  • o meio ou os meios de dissolução e transporte (fluidos aquosos e/ou gasosos) desses componentes até o local onde se processara a concentração ou a formação do depósito mineral;
  • os mecanismos de deposição ou precipitação que atuam para formar as concentrações ou os depósitos minerais.

Diversos agentes e processos (fluidos, temperatura, pressão, atividade química, potencial hidrogeniônico, potencial de oxirredução etc.) atuam em diferentes graus de intensidade e importância ao longo do ciclo evolutivo, acima descrito, para formar um deposito mineral.

Os depósitos minerais podem ser classificados em função dos processos geológicos que atuaram durante sua
formação.

Classificação de depósitos minerais

  • Depósitos hidrotermais, formados em associação com soluções salinas quentes.
  • Depósitos magmáticos, concentrados em rochas ígneas.
  • Depósitos porfiríticos, que ocorrem próximo ou dentro de intrusões dioríticas ou granitoides de textura
    porfirítica.
  • Depósitos metamórficos de contato (escarníticos), formados pela intrusão de rochas plutônicas em calcários
    impuros.
  • Depósitos de óxidos de ferro-cobre-ouro, pertencentes a um agrupamento que foi idealizado com base em definição empírica que se originou de atributos geoquímicos comuns a esse tipo de mineralização.
  • Depósitos sedimentares, precipitados a partir de soluções, principalmente da água do mar.
  • Depósitos residuais, formados pelas reações químicas do intemperismo superficial.
  • Depósitos de plácer, nos quais os minerais são removidos, transportados.

Geologia econômica se baseia em o que é um depósito, como se formou, suas características e formas de ocorrência. Nos próximos textos podemos abordar sobre cada tipo de depósito citado acima, o que acham?

Até a próxima 🙂


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

HASUI, Yociteru et al. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca, 2012.

7 comments

Adorei a sua abordagem sobre geologia econômica, voce fez isso dd forma sucinta e objetiva. Obrigado.

Olá Dion, obrigada pelo seu comentário, fico feliz que tenha gostado! Espero que continue nos acompanhando 🙂 até a próxima!

Olá Francisco, obrigada pelo comentário. Como o título diz, este texto é apenas uma “breve introdução” sobre este assunto. Sem dúvida existem inúmeras informações que podem ser acrescentadas ao se tratar de Geologia Econômica. Quais temas você sugere para um outro texto mais aprofundado? Até breve! 🙂

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