Como ocorrem os terremotos?

Como ocorrem os terremotos?

Do latim, terræmotus, que une as palavras terra que remete ao próprio planeta e motus que dá a ideia de movimento, os terremotos ou abalos sísmicos são alguns dos produtos originados pela dinâmica das placas tectônicas e que notadamente, afetam a dinâmica da superfície e subsuperfície do planeta. 

Os terremotos são eventos geológicos de grandes magnitudes, de escalas continentais, e como todo fenômeno geológico que se impõe sobre a superfície da Terra, por vezes, dadas as suas proporções e imprevisibilidade, causam às cidades e civilizações muitos danos, por vezes irreparáveis.  

Confira neste conteúdo, como se originam os terremotos, como é classificada a magnitude e intensidade destes eventos, os impactos causados e eventos registrados no Brasil e no mundo.

Terremotos: Origem

Os terremotos, abalos sísmicos, ou então sismos, são as respostas às bruscas e tenazes movimentações das placas tectônicas em subsuperfície, seja em abaixo dos continentes (crosta continental) ou sob os oceanos (crosta oceânica) – quando são gerados os tsunamis -, que compõem parte da chamada litosfera. 

Estes movimentos geram a liberação de uma grande quantidade de energia acumulada sob a forma de ondas sísmicas e a ciência que estuda estas ocorrências dá-se o nome de sismologia (Figura 1).

Figura 1 – Monitor sismológico, registro de 01/05/2023.

Fonte: Centro de sismologia IAG/IEE USP .

Neste sentido é necessária a apresentação de dois conceitos definidos por Catelli et al., (2015):

  • Epicentro: É a projeção na superfície da Terra do local, também chamado de foco, onde ocorre o terremoto;
  • Hipocentro: É o local de origem do terremoto, ou foco, no interior da Terra.

Estes conceitos apresentados são ilustrados no bloco diagrama da Figura 2.

Figura 2 – Origem de um terremoto.

Fonte: Blog Acebedo (2015).

Seja em superfície ou subsuperfície, a dinâmica das placas tectônicas é variada e apresenta alguns tipos de estruturas de falhas comuns. Neste contexto, são verificados três padrões conforme ilustrado nas animações a seguir:

  • Limites divergente: Falhas normais (Figura 3)

Figura 3: Animação de ocorrência de falha normal.

Fonte: USGS.

Figura 4: Animação de ocorrência de falha inversa.

Fonte: USGS.
  • Limites transcorrentes: Falhas transformantes (Figura 5)

Figura 5: Animação de ocorrência de falha transformante.

Fonte: USGS.

Comumente os limites mais relacionados a ocorrências de terremotos são os convergentes e transcorrentes, onde de algum modo existe o choque direto entre as rochas da litosfera, e por este motivo, os países que se concentram nestas regiões são afetados com frequência por estes abalos sísmicos, assunto que abordaremos adiante.

Na atualidade, a partir de instrumentos de alta precisão espalhados pelo planeta é possível identificar e estudar os sismos, bem como sua magnitude, mas como são identificados os terremotos que ocorreram a alguns milhares ou milhões de anos em nosso passado remoto?

A paleossismologia é a ciência que se dedica ao estudo de antigos terremotos, para fins de avaliação de riscos da ocorrência de terremotos atuais, mas também com cunho acadêmico. Nesta ciência, criou-se o termo sismito, que está associado a estruturas deformacionais de sedimentos causados por abalos sísmicos (TURRA, 2009).

Na literatura são vastos os exemplos de sismitos, no entanto os representantes mais corriqueiros são os diques clásticos (Figura 6) originados por fluidificação de sedimentos na ocorrência de sismos.

Figura 6 – Dique clástico na Formação Corumbataí, da Bacia do Paraná, no interior de São Paulo.

Autor: Lucas Souza Venciguerra.

Magnitude e intensidade dos terremotos

Segundo o Serviço Geológico dos Estado Unidos (USGS), a magnitude trata-se do tamanho de um terremoto e corresponde a um valor único, expresso em números, comumente de 1 a 10. A partir da medição dos sismômetros alocados em superfície, fica registrado pelo sismógrafo as ondas geradas pela atividade sísmica.

A escala de magnitude mais popularizada é a escala Richter, elaborada em 1935 por Charles F. Richter, no entanto, ainda que muito comentada nos noticiários, não é mais a escala utilizada pelos pesquisadores, sobretudo para sismos de magnitude média a alta.

Na atualidade, utiliza-se a escala de magnitude de momento, de sigla Mw, que é baseada nas propriedades físicas derivadas do terremoto, a partir da análises de todas as formas de onda registradas durante o abalo sísmico. 

No infográfico abaixo (Figura 7) são ilustradas escalas de magnitude acrescidos a comparação de energia liberada, eventos importantes e frequência dos terremotos por ano, mundialmente.

Figura 7 – Infográfico de eventos sísmicos. 

Fonte: USGS (2023).

Como ilustrado, não somente a atividade tectônica é registrada e é responsável pela geração de terremotos. A atividade vulcânica e até a colisão de asteroides, por vezes, podem desencadear abalos sísmicos.

Quanto a intensidade, por vezes utilizada equivocadamente como sinônimo de magnitude, trata-se do efeito ou danos causados pelo terremoto na superfície terrestre. Nos Estados Unidos o serviço geológico adota a escala de Mercalli modificada, desenvolvida pelos sismologistas americanos Harry Wood e Frank Neumann em 1931.

A escala de Mercalli Modificada de intensidade, abreviada para a sigla MM, é ilustrada na Tabela 1, e se utiliza de parâmetros como a capacidade de indivíduos de sentir o sismo, movimentos de estruturas e níveis de destruição.

Tabela 1: Classificação de intensidade de Mercalli modificada.

Fonte: Adaptado de Modified Mercalli Intensity Scale USGS (2023).

Como pôde ser notado, esta medida tem caráter qualitativo e subjetivo. Além disso, a intensidade de um tremor poderá variar de acordo com o substrato ou formação geológica que este percorre e a profundidade do hipocentro. Vejamos a seguir alguns exemplos destes eventos.

Ocorrências de terremotos no Brasil e no mundo

Brasil

No Brasil, a ocorrência de terremotos de grande magnitude é muito diminuída, pois o país se localiza no centro na placa sul-americana e como mencionado as ocorrências mais expressivas encontram-se nas bordas das placas.

No entanto, como ilustrado na figura 8, de acordo com este rico conteúdo produzido pela Sociedade Brasileira de Geologia  (SBG) em parceria com a SuperInteressante,  diversos eventos de terremotos de baixas magnitudes já foram registrados no Brasil. Nota-se que as zonas de maior recorrência de eventos estão localizadas na região nordeste, sudeste e central do país.

Figura 8 – Sismos registrados no Brasil.

Legenda: Os círculos azuis correspondem aos eventos relatados historicamente; Os vermelhos correspondem àqueles medidos pelos sismógrafos. Fonte: Extraído de Superinteressante (2022).

Os pesquisadores atribuem as ocorrências de terremotos no Brasil às seguintes condições:

  • Acomodação de terra;
  • Proximidade com os países andinos;
  • Acúmulo de energia intraplaca;
  • Sismicidade induzida por ações humanas.

Mundiais

Globalmente, são inúmeras as ocorrências de terremotos, popularmente conhecidos pelos danos ocasionados nas cidades mais próximas do epicentro, além das circundantes, quando após o terremoto são gerados os tsunamis.

Como apresentado pela National Geographic, existem três zonas principais que detém a maior concentração de ocorrências de sismos:

  • Zona Sísmica do Pacífico (81% dos registros), também conhecida como Círculo de fogo ou Anel de fogo do Pacífico (Figura 9);
  • Zona Sísmica de Alpide (17% dos registros);
  • Dorsal Mesoatlântica (2% dos registros)

Figura 9 – Ilustração esquemática do Anel de fogo do Pacífico. 

Além dos efeitos estruturais dos terremotos, é importante destacar  que estes fenômenos desencadeiam outros riscos de desastres naturais como movimentos de massa e reativações de erupções, entre outros, conferindo muitos riscos nestas regiões de maior incidência de tremores.

Os países que se localizam nestes ambientes, inevitavelmente, sofrem severos danos ocasionados por estes eventos. Por vezes é necessário engajamento social e político, com comunicação direta e clara à população sobre como proceder quando da ocorrência de um evento de grande magnitude.

Felizmente no Brasil, a preocupação com terremotos é baixa, mas é importante entender como funcionam e os mecanismos associados. Gostou desse conteúdo? Compartilhe para que mais pessoas fiquem sabendo sobre as geociências!


Para ver um pouco sobre os terremotos, deixamos alguns conteúdos extras aqui:

Site do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS)

https://www.usgs.gov/glossary/earthquake-hazards-program

Canal National Geographic

https://www.youtube.com/watch?v=_r_nFT2m-Vg

Site BBC

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c6pn3ndp7g3o

Referências Consultadas:

MUNDO DA METROLOGIA. Terremoto: Magnitude e Intensidade. 2021. Disponível em: http://www.mundodametrologia.com.br/2021/08/terremoto-magnitude-e-intensidade.html. Acesso em: 01 mai. 2023.

Referências Utilizadas:

AUSTRALIAN GEOGRAPHIC. Earthquakes: the 10 biggest in history. 2011. Disponível em: https://www.australiangeographic.com.au/topics/science-environment/2011/03/earthquakes-the-10-biggest-in-history/#:~:text=10%20biggest%20earthquakes%20in%20recorded%20history%201%201.,Islands%2C%20Alaska%2C%202%20April%201965%20%288.7%29%20Mais%20itens. Acesso em: 01 mai. 2023.

CATELLI, F. et al. Como localizar o epicentro de um terremoto?. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 32, n. 2, 529-541 (2015). Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5162227. Acesso em: 1 mai. 2023.

EL BLOG DE “ACEBEDO”. La historia de los terremotos registrados en Asturias. 2015. Disponível em: https://elblogdeacebedo.blogspot.com/2015/09/la-historia-de-los-terremotos.html?spref=pi. Acesso em: 16/05/2023.

TURRA, B. B. Diques clásticos da Formação Corumbataí, Bacia do Paraná, no contexto da tectônica permotriássica do Gondwana Ocidental. 2009. Dissertação (Mestrado em Geotectônica) – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. doi:10.11606/D.44.2009.tde-06072009-111626. Acesso em: 30 abr. 2023.

USGS. Modified Mercalli Intensity Scale. 2023. Disponível em: https://www.usgs.gov/media/images/modified-mercalli-intensity-scale Acesso em: 01 mai. 2023.

USGS. What is a fault and what are the different type?. 2023. Disponível em: https://www.usgs.gov/faqs/what-a-fault-and-what-are-different-types#:~:text=strike-slip%20fault%20-%20a%20fault,of%20a%20right%20lateral%20fault. Acesso em: 29 abr. 2023.

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